8.6.12

Nenhuma palavra além de "genial" pode descrever "Prometheus"!

Big things have small beginnings.

EL AMANTE FELINO apresenta:
PROMETHEUS
 
Esta crítica pode conter spoilers.

Em "Prometheus", um grupo de cientistas liderado pela Dra. Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) parte numa expedição à um planeta desconhecido após serem descobertas inscrições históricas na Terra que apontam para o lar dos possíveis criadores da raça humana. O problema é que, ao chegar lá, eles se deparam com algo inesperado, e o início de uma nova espécie.

"Prometheus" não é um prelúdio à "Alien: O Oitavo Passageiro" em si pois não há uma ligação direta entre os dois filmes, e ainda vamos ter no mínimo uma sequência para "Prometheus". Digamos que a franquia "Prometheus" venha a ser um prelúdio para a franquia "Alien" como um todo. 

Como já sabemos, desde o começo o Alien nos foi apresentado como o organismo vivo perfeito, e é curioso como "Prometheus" já começa remetendo nossos criadores, o Space Jockey (aqui chamado de Engenheiro), à perfeição. É um espécime humanóide, maior, com o corpo definido, desprovido de pelos ou deformações mínimas na face que, por sinal, possui uma configuração totalmente humana (A estranha cabeça que vemos no Space Jockey de "Alien" era apenas um capacete). 

Na nave Prometheus, há uma tripulação de 17 pessoas, o que basicamente significa que sim, temos personagens descartáveis que vão morrer e nós não vamos ligar para eles. Entretanto, esses personagens descartáveis acabam sendo necessários para o desenvolvimento da trama, ou melhor, da espécie. É, essa espécie mesmo. Os personagens principais, por outro lado, são ótimos e bem trabalhados - e nos importamos com suas mortes. 

O androide David, em particular, conseguiu se tornar meu personagem favorito no universo de "Alien". Interpretado eximiamente por Michael "Magneto" Fassbender, David é privilegiado com ótimos diálogos, alguns conflitos e uma boa reflexão sobre a criação. Por que as pessoas criam? Porque podem? Seria este o mesmo motivo pelo qual fomos criados, então? O filme traz muitos pensamentos do tipo para refletir. Com seu sotaque, movimentação e expressões, Fassbender "encarna" um androide muito melhor do que o feito por Ian Holm em "Alien".

A heroína Helen Ripley, que aqui ainda não nasceu, é substituída por Elizabeth Shaw, interpretada pela atriz sueca Noomi Rapace, que finalmente conseguiu carisma o suficiente para conquistar o espectador. Noomi não é nenhuma novata, sempre se provou uma ótima atriz, mas ainda não havia conseguido carisma o suficiente para amarrar o público de vez. Shaw é uma mulher forte, de liderança e muitos colhões, devo ressaltar. Ela vai até onde for preciso ir para conseguir suas respostas ou seus objetivos, sem hesitar em qualquer momento (destaque para a cena em que ela faz uma cirurgia em si própria para tirar de seu corpo uma forma de vida alienígena com a qual foi infectada). 

Meredith Vickers, a líder da tripulação interpretada por Charlize Theron, é um enorme pé-no-saco, mas a atriz consegue impedir nossa total reprovação pela personagem com seu carisma. Vickers é uma mulher que sente orgulho de pertencer ao sexo feminino e ter autoridade sobre muitos homens, e é evidente que gosta de demonstrar o quanto é mulher - tanto que, quando o capitão Janek (Idris Elba) tenta lhe cantar para levá-la à cama, Vickers só sucumbe ao negão quando o mesmo pergunta se ela é um robô.

"Prometheus" tem alguns pontos não propriamente explicados, mas que abrem caminhos para várias teorias. Eu tenho algumas e as compartilharei aqui, então, se não viu o filme ainda, aconselho que pule este e o próximo parágrafo da crítica. [spoiler on] É revelado no filme que os Engenheiros tinham um plano de ir à Terra para destruir a raça humana, algo que eles mesmos criaram. Por que fariam isso? A minha teoria é de que eles tentaram criar uma raça à sua semelhança, e resultou em algo imperfeito, que é o ser humano. Nós seríamos uma ofensa à perfeição dos Engenheiros, e dado isso, eles desenvolveram um ódio extremo pela raça que criaram. Por isso, tentam nos destruir, para criar outra coisa depois - "Para criar, é necessário primeiro destruir", algo feito para ser diferente, algo feito para ser perfeito.

Este seria então, o Alien que conhecemos. Os "ovos" que infestam a caverna onde há uma enorme estátua da cabeça de um Engenheiro contém um líquido gosmento dentro, e seria isto o que os nossos criadores usam para criar, ou para destruir (destaque para a cena que abre o filme). É interessante como o longa mostra a evolução da espécie que virá a se tornar o Alien Xenomorfo. Nos é mostrado o que seria o antecessor do Facehugger, uma serpente que infecta suas vítimas e possui características semelhantes ao Facehugger em si, como o reflexo de se apertar à vítima ao ser atacada, o sangue ácido como mecanismo de defesa, e etc. A próxima fase de tal criatura já é algo com tentáculos, mais semelhante à espécie de "O Oitavo Passageiro", e esse bixo, ao capturar o Space Jockey, dá origem a um tipo já mais próximo ao Alien. Sua versão primitiva, ainda em desenvolvimento para se tornar o organismo perfeito. [spoiler off]

O terror do filme funciona muito bem, combinando suspense e sustos na hora certa, mas não é o exato destaque da fita, que é muito mais sobre a aventura, sobre as descobertas. É o meio termo entre "Alien: O Oitavo Passageiro" e "Aliens: O Resgate". Os efeitos especiais computadorizados estão presentes a todo momento, e são muito bem utilizados. O 3D não possui efeito algum, e inclusive prejudica o filme com a diminuição de luminosidade causada pelos óculos - sendo que o longa já é escuro. A trilha sonora de Marc Streitenfeld é ótima, e também muito mais dedicada aos fatores de aventura e criação. A mixagem de som é um ponto bastante marcante de "Prometheus", desfrutando de sons tecnológicos e incomuns, já que é um filme futurístico.

A fotografia é excelente, e assim como em "Alien", é feito um ótimo trabalho com a manipulação de luz. Porém, neste filme o escuro não contribui tanto para o mistério ao seu redor, esta é uma parte pela qual o enredo criativo assume mais responsabilidade. 

"Prometheus" é uma história genial vinda da cabeça de Ridley Scott, e consegue implicar o terror, o suspense, a aventura e a ação numa das melhores ficções científicas que eu já assisti. O único possível defeito desta fita seria um erro de continuidade em relação à série "Alien" - "Prometheus" se passa antes de "O Oitavo Passageiro", mas ainda sim contém equipamentos muito mais tecnológicos. Isso pode ser consertado nos filmes seguintes? Sim, mas por enquanto, é um erro de continuidade. James Cameron, o senhor vai ter que quebrar muito a cabeça se quiser chegar aos pés desta obra com seu "Na'avi". Anseio para comprar "Prometheus" em Blu-ray.

Nota: 9.9

0 comentários:

Postar um comentário