13.1.12

"Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras" conserta os erros de seu antecessor e supera as qualidades

SHERLOCK HOLMES
O JOGO DE SOMBRAS

As continuações de qualquer filme em Hollywood sempre tem de, além de continuar a história (ou apresentar uma nova), elevar o conceito do filme original e consertar seus erros. Todo bom cineasta tem em mente que se tal fórmula for aplicada corretamente, haverá uma sequência superior ao original. Entretanto, nem todos as sequências conseguem superar seus antecessores, eis alguns raros exemplos das que conseguem: "O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final" (Terminator 2: Judgement Day, 1991), "Homem-Aranha 2" (Spider-Man 2, 2004) e "Piratas do Caribe: O Baú da Morte" (Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest, 2006). Guy Ritchie trouxe-nos sua versão de "Sherlock Holmes" (Sherlock Holmes, 2009), que foi muito bem recebida criticamente, mas apesar de ser um bom e divertidíssimo filme, tem seus defeitos evidentes. Tendo em vista o bom desenvolvimento do filme financeiramente e criticamente, uma sequência era inevitável. Pois bem, a carismática dupla Robert Downey Jr. e Jude Law está de volta em "Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras" (Sherlock Holmes: A Game Of Shadows, 2011), nova aventura do detetive mais querido da literatura clássica inglesa (e agora também dos cinemas) dirigida por Guy Ritchie, que faz o dever de casa e não só corrige os defeitos de seu primeiro filme, mas também consegue superar suas qualidades.

A história gira em torno de uma série de mortes que, mesmo não causando a suspeita de outras autoridades, chamam a atenção da mente astuta e desconfiada de Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.). Holmes associa as mortes ao misterioso professor James Moriarty (Jared Harris), personagem que já havia aparecido no filme anterior, porém só mostra a cara neste capítulo. Enquanto isso, o bom médico John Hamish Watson (Jude Law) está para se casar com Mary (Kelly Reilly), mas se vê obrigado a ajudar seu colega, uma vez que iniciaram o caso juntos.

Downey Jr. continua ótimo no papel de Holmes, até mesmo com seu sotaque mais acentuado, e sua química com o colega de cena, Jude Law, também evoluiu consideravelmente. Noomi Rapace, ex-Lisbeth Salander de "Os Homens que não Amavam as Mulheres" (The Girl with the Dragon Tattoo, 2009), faz uma boa representação da cigana Simza, mas não tem o mesmo carisma do qual usufruiu em seu papel de maior sucesso. Jared Harris é o grande destaque deste filme. Primeiramente, devemos confessar que o professor Moriarty é um vilão muito melhor do que o genérico Blackwood, interpretado por Mark Strong na fita original. Moriarty tem mais personalidade própria, é meticuloso, charmoso, centrado e totalmente sociopata. E Harris faz uma perfeita interpretação de tal personalidade. A relação entre Harris e Downey Jr. é um dos pontos mais positivos da produção, o espectador consegue sentir o conflito entre os dois personagens a cada diálogo e troca de olhares entre os mesmos. Seja este conflito irônico, metafórico ou direto. Também há a participação de Stephen Fry como Mycroft Holmes, irmão de Sherlock, que se faz notar em cenas de humor com seu grande talento para estas.

A fotografia e cinematografia da continuação segue o mesmo estilo de seu antecessor, porém cores frias são mais destacadas aqui. Em quesito de produção e efeitos especiais, a superioridade de "O Jogo de Sombras" sobre o filme anterior é equivalente à de "Batman: Arkham City" sobre "Batman: Arkham Asylum", ou seja, quase um abismo. Isto é, o slow motion é novamente usado, entretando de novas formas. No filme original, o efeito era mais utilizado para representar os planos e pensamentos de Holmes, como o cálculo de um combate, o que também acontece no novo filme, mas com outras técnicas visuais além da câmera lenta. Quanto às novas formas as quais fiz referência, é possível citar como exemplo cenas de ação que desfrutam dos efeitos de captura em baixa velocidade. Os efeitos especiais - sejam estes computadorizados ou práticos - também estão visivelmente melhores, assim como o uso dos mesmos é muito maior. A ação está melhor distribuída ao longo do filme, que se divide muito melhor que seu antecessor entre momentos de investigação e momentos de pancadaria. Além disso, apesar de haver relativamente menos combate corporal neste filme do que no anterior, as lutas estão mais bem coreografadas e os ângulos de filmagem mais inteligentes.

Entre as cenas de ação, devo destacar a espetacular sequência da floresta, em que Holmes e seus amigos fogem dos capangas equipados com armamento pesado de Moriarty (cena que está presente no trailer, portanto, isto não é um spoiler). Filmada com uma câmera Phanton, que captura 40 frames por segundos, a cena usa e abusa dos efeitos de slow motion, sendo uma das mais divertidas do filme, ainda mais tendo eu assistido ao longa em uma sala Extreme Digital Cinema, onde as diferenças visuais e sonoras são bastante notáveis.

A trilha sonora original de Hans Zimmer, compositor da franquia do "Cavaleiro das Trevas" dirigida por Christopher Nolan, mantém a característica criada para o filme anterior, porém aparece mais intensa e com novos temas, sempre usando bastante dos violinos, afinal, este é um filme de Sherlock Holmes. A mixagem de som, aliás, se destaca muito com sons de objetos sendo destruídos, disparos de armas de fogo e etc.

Conclusão Final: Com a ação melhor regulada, mas ainda de tirar o fôlego, humor igualmente presente ao do anterior, melhores filmagens, atuações e um dos melhores conflitos entre bem e mal mostrados ultimamente, "Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras"(Sherlock Holmes: A Game of Shadows, 2011) não é só um ótimo, empolgante e complexo filme, mas o que toda continuação deveria ser. Afinal, quem disse que filmes embalados de ação não podem ser inteligentes, e vice-versa?

Nota: 9,9

1 comentários:

  1. É, não leio tudo porque nem quero spoilers xD
    Mas, concerteza é um ótimo filme pra ver semana que vem lol

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