10.1.12

"Kill Bill" tornou-se um clássico moderno nas mãos de Quentin Tarantino!

KILL BILL
vol. 1

Em 2003, Quentin Tarantino surpreendeu o mundo inteiro com seu quarto filme, "Kill Bill: Volume 1"(Kill Bill: Vol. 1), uma fiel e sólida homenagem aos bons e velhos filmes de artes marciais. A saga da Noiva, que contém apenas dois filmes lançados em 2003 e 2004, encontrou seu lugar nos clássicos modernos, provando que qualidade sobrepuja em muito quantidade. Vamos analisar aqui esta memorável vingança da mulher mais mortal do mundo: Beatrix Kiddo.
A história é simples: A Noiva(Uma Thurman) era membro de uma equipe de assassinos de elite, na qual carregava a alcunha de "Mamba Negra", e cooperava com as assassinas O-Ren Ishii(Lucy Liu), Vernita Green(Vivica A. Fox), Elle Driver(Daryl Hannah) e o beberrão Budd(Michael Madsen). Tal grupo de matadores era liderado por Bill(David Carradine). Quando a Noiva engravidou misteriosamente, ela desapareceu e decidiu se casar para começar uma nova vida, mas Bill e seu time a caçaram e fizeram um massacre durante o ensaio do casamento. Entretanto, a Mamba Negra não morreu naquele dia. Ao acordar de um coma de quatro anos de duração, a Noiva jurou vingança contra sua antiga equipe, e partiu numa jornada para caçar um por um em sua "Picape das Gostosas".

OS PERSONAGENS


A NOIVA / A MAMBA NEGRA

Uma Thurman já trabalhou com Quentin Tarantino antes no excelente "Pulp Fiction"(Pulp Fiction, 1994), mas este é o primeiro filme do diretor que a atriz protagoniza. Carismática, bonita e ágil, Uma é a Noiva perfeita. O mais interessante é o modo como a atriz representa a evolução da personagem. Quando fazia parte do esquadrão de assassinos, a Noiva era uma mulher apaixonada e sorridente. Era essa a personalidade dela, entretanto, quando Bill tentou assassiná-la, a Mamba Negra transformou-se numa dama centrada apenas na vingança. Se tornou séria e irônica ao mesmo tempo, e Uma Thurman interpreta tal transformação muito bem com sua composição sólida da personagem. Mesmo no Vol. 1, que não mostra tanto do passado da Noiva, a personagem é muito bem desenvolvida. A narração de Uma que aparece para descrever seus alvos ou objetivos contribui para isso assim como os flashbacks mostrados quando ela encontra seus inimigos. Ela os descreve, conta o que fizeram, e o espectador não precisa saber de mais nada pra ter certeza de que aquela pessoa merece morrer. Isso se torna curioso pois a narração da Noiva acaba também contribuindo para o desenvolvimento dos outros personagens, e fortalece na mente de quem assiste a visão que ela tem de tal personagem.


O-REN ISHII / BOCA-DE-ALGODÃO

A vilã do Vol. 1 e com certeza a personagem mais bem estruturada depois da Noiva. A origem de O-Ren Ishii é contada na forma de uma excelente animação presente na fita, mostrando como a assassina veio a se tornar a maior líder criminosa do Japão depois do incidente com a Noiva. Lucy Liu é carismática interpretando a americana de descendência chinesa, transformando-a numa personagem tão fofa quanto cruel - típico de vilãs orientais. Apesar de tal, O-Ren vira uma mulher séria e concentrada quando o perigo surge, mudando até mesmo o seu tom de voz, ligeiramente, mas de forma notável. Extremamente bem treinada, é segura de suas habilidades mortais e também de seu poder imperativo sobre os seus capangas, conhecidos como "Os 88 Malucos". Seu conflito e sua química com Uma Thurman é o melhor neste filme, as duas personagens demonstram sua rivalidade desde as trocas de olhares aos duelos de espada. O-Ren Ishii é uma guerreira formidável, respeitando a habilidade e a honra de qualquer adversário, e também a sua própria.



VERNITA GREEN / CABEÇA-DE-COBRE

Não há muito o que falar sobre Vernita Green, interpretada por Vivica A. Fox, pois é a personagem menos aproveitada pelo roteiro de Quentin Tarantino. Por mais que a personagem de Uma Thurman faça Vernita parecer odiável, Vivica A. Fox consegue salvar a impressão passada pela assassina com seu carisma. É um feito muito notável, pois a atriz consegue ser carismática numa personagem altamente séria e de sangue quase frio. Mas a grande verdade é que Vernita Green está ali apenas para render uma excelente sequência de ação, que é sua luta contra a Noiva. O diálogo com Uma Thurman é cheio de provocações, é definitivamente um conflito verbal, até mesmo quando as duas personagens estão atuando para convencer a filha de Vernita de que a Noiva é apenas uma velha amiga que resolveu visitá-la - essa desculpa já é bastante irônica.


Agora que os personagens principais deste Vol. 1 já foram analisados, é hora de falar do mestre Quentin Tarantino. O roteiro do diretor segue o esquema da maioria de seus filmes, sendo dividido em capítulos. A fórmula, raramente usada por outros diretores de Hollywood, funciona muito bem nas mãos de Tarantino, tendo cada capítulo o que enfasar melhor. A linha de tempo do filme é intercalada, o próximo capítulo não ocorre necessariamente depois do que aconteceu no anterior, pode estar contando o que houve antes, e o desenvolvimento de tal capítulo é o suficiente para o espectador auto-deduzir que aquilo aconteceu antes de algum outro ocorrido do filme.

Tarantino dispõe de ângulos inteligentes de filmagem, tanto com a câmera fixa quanto em movimento. Há certos momentos em que uma sequência inteira é guiada por uma única tomada pelos movimentos de certos personagens e isso é feito de modo à mostrar devidamente o cenário em que tal cena se passa. Em cenas de lutas e duelos, a filmagem consegue mostrar muito bem todos os personagens atacantes e ao mesmo tempo o cenário, que em diversas ocasiões influencia no combate. Sem falar nos zoom-in e zoom-out bastante utilizados neste filme, que geralmente servem para enfasar o olhar dos personagens.

A ação é muito boa e as lutas muito bem coreografadas, os responsáveis pelas artes marciais presentes no filme fazem um ótimo trabalho com qualquer tipo de cena de ação - desde combates de mão, nos quais há notável influência do cenário, até os duelos de espada. Como todos sabem, Quentin Tarantino não é muito fã de efeitos computadorizados, todos os efeitos utilizados em "Kill Bill" são práticos. E como o CG facilita e muito a vida dos cineastas, créditos devem ser dados a isso. O trabalho com membros e sangue falsos é ótimo e convincente. A mixagem de som utiliza de sons genéricos de socos e lâminas, afinal isto é uma homenagem aos filmes de Kung Fu, então aposta nos sons icônicos e clichês dos mesmos. Luz e sombras são regidas de um jeito teatral e simples, e a direção de arte é ótima - Destaque para determinada cena em que vemos apenas a silhueta da Noiva combatendo os 88 Malucos num fundo roxo. A fotografia destaca bastante tons de amarelo e vermelho. Aliás, se for assistir "Kill Bill", tenha certeza de que uma cor você não vai esquecer: Vermelho.

O figurino também fala por cada personagem. O de Vivica A. Fox, por exemplo, retrata que a dona de casa simples que a personagem se tornou. O traje amarelo com listras pretas de Uma Thurman homenageia o grande mestre Bruce Lee em seu último filme, "Jogo da Morte"(Game of Death, 1978) e o kimono branquíssimo de Lucy Liu passa uma impressão dócil, porém fatal da personagem. Afinal, é um kimono.

A trilha sonora é excepcional. O filme abre com "Bang Bang (My Baby Shot Me Down)", de Nancy Sinatra, dando sua temática, e durante sua projeção, o longa utiliza de clássicos antigos e modernos em sua música. Tais como "Green Hornet", tema do "Besouro Verde" composto por Al Hirt, "Don't Let me be Misunderstood", de Santa Esmeralda e o tema principal que se tornou um símbolo para a franquia; "
Battle Without Honor or Humanity", de Tomoyasu Hotei. A lindíssima composição "The Lonely Shepherd" de Gheorghe Zamfir também está presente.

Conclusão Final: "Kill Bill: Volume 1"(Kill Bill: Vol. 1, 2003) é um espetáculo cinematográfico em todos os quesitos. Ótimas atuações de um elenco carismático, excelentes personagens, uma trilha sonora icônica, combates e duelos impressionantes e tudo de quê uma divertida e verdadeira obra de arte é feita. A crítica do volume 2, você confere aqui: http://blasterlizard.blogspot.com/2012/01/menos-acao-e-mais-atuacao-no-segundo.html

Nota: 10,0

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