21.7.11

Resident Evil 4: Recomeço não é um bom filme, mas pode agradar alguns fãs da série

RESIDENT EVIL 4:
RECOMEÇO

Podemos dizer que a saga Resident Evil é a mais confusa saga da história do cinema. Tivemos um mediano primeiro filme, uma sequência ruim, um terceiro longa no mínimo ridículo e agora esse quarto filme que apesar de ser o mais próximo dos games e poder agradar alguns fãs da série, não é um bom filme. Todos os longas foram estrelados pela belíssima Milla Jovovich(que foi decaindo aos poucos...) no papel de Alice, uma personagem extremamente criticada pelos fãs do jogo pelo simples fato dela não existir no jogo. Eu não uso isso como critério para criticar a franquia, afinal, Alice é um dos pouquíssimos pontos positivos dos quatro filmes. É uma personagem bem construída e bem aproveitada durante a saga, mas parece ser a única, e neste "Resident Evil 4: Recomeço"(Resident Evil: Afterlife, 2010) vemos Alice mais próxima do que ela era no primeiro filme da saga. O quarto longa abre pouco tempo depois que o terceiro terminou; Em Tóquio, onde se localiza a atual base de operações substerrânea da Umbrella Corporation, empresa farmacêutica responsável pelo apocalypse zumbi que atingiu o mundo nos últimos 5 anos. Alice e suas clones estão em Tóquio(Não é explicado como Alice transportou tantos clones assim de Las Vegas até Tóquio ou como arranjou equipamentos tão sofisticados para o ataque.) preparados para atacar a sede da Umbrella Corp. e derrubar seu presidente de uma vez por todas, o poderoso Albert Wesker(Shawn Roberts). O ataque contra a Umbrella é bem sucedido, porém Alice falha em derrotar Wesker, que escapa. É simplesmente ridículo como Alice perde suas clones e seus poderes; No terceiro longa, é apresentado que Alice estava começando a controlar os seus poderes, e seus clones são introduzidos como se fossem ser uma parte elementar para o futuro da saga, e ambos são jogados fora como se não fossem nada no início desse quarto capítulo. Nada contra eliminar os clones e retirar os poderes de Alice, mas, deveria ter sido ao menos de uma forma mais bem bolada. Em vez de Paul W.S. Anderson sentar com seus roteiristas e produtores e bolar uma forma inteligente para Alice perder seus poderes, ele prefere simplesmente aplicar uma vacina nela numa cena que acontece sem qualquer antecipação dramática em relação ao assunto. A perda dos poderes da protagonista é justificada por Paul como um modo de tentar deixar o filme mais emocionante, evitar que Alice simplesmente exploda os zumbis quando avistar uma horda dos mesmos, mas acontece que isso acaba não mudando nada. Alice não explode os zumbis, mas ela os elimina como se fossem formigas e suas balas nunca acabam, e se acabam, ela sempre tem uma arma(ou duas) reserva pra continuar estourando a cabeça deles. Além disso, ela continua dando voadoras de três metros(literalmente) e se dispondo a enfrentar mil zumbis sozinha. Isso tudo sem nenhuma explicação plausível. Tudo que se sabe sobre Alice é que ela era chefe de segurança da Umbrella, mas até onde sabemos, chefes de segurança não são treinados para dar voadoras de três metros(Além de que de todos os soldados da Umbrella apresentados na franquia, Alice é a única que faz esse tipo de coisa), e ressalto que dos quatro filmes, esse é o longa em que Milla faz sua pior atuação como Alice. Ela tenta convencer com uma personalidade durona(Paul ama mulheres duronas em seus filmes) mas demonstra falhar nas cenas mais dramáticas. Temos aqui o retorno de uma personagem dos games já introduzida nos filmes no capítulo anterior; Claire Redfield, interpretada pela bela(mas sem graça) Ali Larter. Ali costuma fazer boas atuações, porém neste filme você vê que ela está ali só pra pegar o cheque. O filme é repleto de personagens desnecessários. Kim Coates faz uma atuação divertida e uma das melhores do filme com seu Bennett, mas seu personagem é totalmente inútil para o desenvolvimento da trama. Angel Ortiz, interpretado por Sergio Peris-Mancheta, também é descartável, assim como Kim Yong(Norman Yeung) e Crystal(Kacey Barnfield). Dos novos personagens, o que rouba a cena pelo fato de ser o único útil(se tivesse sido bem aproveitado) é Luther(Boris Kodjoe), que poderia vir a se tornar o novo interesse amoroso de Alice, mas ainda teremos que esperar os próximos filmes para conferir isto. Spencer Locke retorna K-Mart, mas a coitada não tem uma única fala no filme, se tornando mais uma personagem totalmente descartável para a trama(Sério, por que a contrataram?). Quem tenta salvar o longa é Shawn Roberts, com seu frio e calculista Albert Wesker. O personagem está fiel ao dos games do modo que é permitido pela franquia, e Roberts, que já havia declarado ser fã do personagem, encarna o vilão de modo digno. Wesker protagoniza as melhores cenas de ação do longa-metragem(Inclusive uma que foi diretamente retirada do game "Resident Evil 5") e se torna um perfeito rival para Alice, uma vez que Wesker possui agora poderes muito maiores do que os que Alice possuía antes. Outra cena que vale a pena ser vista é o confronto entre Claire Redfield e o Axeman, ou melhor, Executioner. Uma sequência de ação bem ensaiada e muito bem empregada no 3D estereoscópico do filme(que aliás, é ótimo!). Chris Redfield(Wentworth Miller) é outro personagem importante dos games que é introduzido na saga neste quarto filme, porém apesar da atuação boa de Miller, o personagem acaba por fim se tornando descartável também. Ele seria bastante útil se sua relação com a irmã Claire fosse bem explorada, mas você quase nem percebe que os dois são irmãos, só temos duas ou três ceninhas que demonstram isso, além de Chris ter poucas falas no filme. A fotografia do filme é ótima, destaca tons de cor mais razoáveis como o beje e o marrom, e isso caiu muito bem no longa. A mixagem de som é boa, mas a trilha sonora, apesar de bem executada, é simplesmente inexpressiva. Paul W.S. Anderson tenta empregar mais uma vez o fator "sobrevivência" nesse filme, que é clássico nos games(Aquela sensação de que você vai morrer a todo momento), e funciona de um modo legal mas ainda é fraco, o primeiro longa da série conseguia empregar isso de uma forma muito melhor. Os efeitos especiais aqui são medianos. Uma característica de Resident Evil, até o terceiro filme, eram efeitos especiais horríveis. Neste longa Paul conserta esse defeito. Os efeitos ainda não são perfeitos, mas já estão muito melhores que os dos filmes anteriores. As cenas de ação são divertidas e bem coreografadas, mas são prejudicadas pelo exagero nos efeitos de câmera-lenta.
Conclusão Final: "Resident Evil 4: Recomeço" acaba se tornando, ainda que muito melhor que seu antecessor, um filme ruim que provavelmente vai causar desgosto nos cinéfilos de plantão. Mas para os fãs dos games, este longa pode até agradar pelo fato de ser até agora o filme mais próximo dos games. O filme acaba valendo a pena de se ver apenas pela interpretação exímia de Shawn Roberts como o vilão Albert Wesker e pelas divertidas cenas de ação do filme, ainda que prejudicadas pelo excesso de efeitos slowmotion.

Nota: 4,5

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