15.10.11

"Os Três Mosqueteiros" não é ótimo, mas é o melhor filme de Paul W.S. Anderson até agora

OS TRÊS MOSQUETEIROS


Quando fiquei sabendo que Paul W.S. Anderson dirigiria a adaptação de "Os Três Mosqueteiros", de Alexandre Dumas, fiquei com os quatro pés atrás. De todos os filmes que eu vi dirigidos por Anderson, nenhum é verdadeiramente bom. E, convenhamos, "Os Três Mosqueteiros" não é o estilo de Anderson. Acabou que a experiência não foi ruim, mas o filme ainda não é bom.
"Os Três Mosqueteiros"(The Three Musketeers, 2011) conta a história de d'Artagnan(Logan Lerman), um jovem espadachim que tem como objetivo seguir os passos de seu pai e se tornar um mosqueteiro. Em uma enrolada viagem à França, d'Artagnan tromba com Athos(Matthew Macfadyen), Porthos(Ray Stevenson, o Frank Castle de "O Justiceiro em Zona de Guerra") e Aramis(Luke Evans), os três mosqueteiros. Em ordem de evitar uma guerra desnecessária, d'Artagnan e os mosqueteiros fazem uma aliança para proteger a França dos planos do Cardeal Richelieu(Christoph Waltz), do ambicioso Duque de Buckingham(Orlando Bloom) e da bela e traiçoeira Milady de Winter(Milla Jovovich).
O longa abre com uma cena de invasão protagonizada pelos mosqueteiros, não há muitos duelos, mas as cenas de ação já mostram a cara em ótimos combates protagonizados principalmente por Aramis e Porthos. A ação é a grande aposta do filme, tendo em vista que todas as cenas de ação são muito bem coreografadas e executadas, especialmente os duelos de espada. Logan Lerman e Milla Jovovich mostram que pegaram firme nos treinos com espada e protagonizam as melhores cenas de ação do filme. Paul W.S. Anderson tem muitos defeitos como diretor, isso é um fato inegável, mas outro fato inegável é que o diretor sabe conduzir muito bem cenas de ação. Para evitar que o filme fique cansativo e repetitivo, as cenas são bem variadas entre duelos de espada, combates mano-a-mano, tiroteio e até mesmo uma sequência em que dois "navios voadores" batalham com seus canhões. Os efeitos de slowmotion são muito mais controlados e melhor usados do que no último filme de Anderson, "Resident Evil 4: Recomeço"(Resident Evil: Afterlife, 2010). Aqui o diretor acerta em cheio nos momentos que usa o slowmotion, sem prejudicar nem um pouco as cenas de combate e mantendo o filme num rítimo acelerado e com muita ação. Os efeitos especiais são ótimos, o que era algo a se duvidar, uma vez que a maioria dos filmes do Anderson tem efeitos ruins ou medianos. Neste longa os efeitos são perfeitos, em muitas cenas é difícil diferenciar o CG dos efeitos práticos, o diretor conseguiu adicionar os efeitos de modo que ele se mistura muito bem ao filme e te convence que é parte dele. As atuações são todas muito boas, Logan Lerman apaga a imagem do fraquíssimo "Percy Jackson e o Ladrão de Raios"(Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief) e encarna d'Artagnan de forma digna, roubando muitas de suas cenas. Matthew Macfadyen também faz uma ótima atuação como Athos. Porthos e Aramis são pouco destacados, mas também são bem interpretados. Ray Stevenson chega a lembrar um pouco de seu personagem em "Thor"(Thor, 2011), mas interpreta Porthos de forma muito mais durona. O Duque de Buckingham é bem representado por Orlando Bloom, que compõe o personagem de maneira a ser charmoso e educado, características importantes em um vilão desse nível. Christoph Waltz, que despontou no ótimo "Bastardos Inglórios"(Inglourious Basterds, 2009), faz bonito nas cenas em que aparece, mas quem acaba por fim roubando a cena é Milla Jovovich. A belíssima e competente atriz, que decepcionou com sua fraca atuação em "Resident Evil 4: Recomeço", faz uma ótima interpretação aqui. Sua personagem é totalmente diferente da protagonista da franquia decadente de zumbis, Alice. Milla representa Milady como uma vilã simpática e carismática, que consegue manipular e conquistar não só os personagens com quem contracena, mas também o público que assiste. A vilã luta de forma sútil e se mostra muito agilidosa tanto em combates quanto na arte de espionar e negociar. Ela consegue fazer com que quase todos os personagens com quem negocia dependam da fidelidade dela, e protagoniza algumas das melhores cenas de ação. Milady pouco usa seus poderes de sedução, ela domina quem precisa com sua simpatia. Seu jeito de invadir, lutar, falar e roubar é sempre muito meigo, mostrando que a personagem tem uma personalidade um tanto infantil, fato que é complementado por cenas em que Milady fica emburrada quando algo dá errado para ela. Milla é sem dúvida a mais carismática do elenco, deixando-nos anciosos para vê-la como Milady de Winter novamente em uma possível continuação do filme. Apesar das ótimas atuações, muitos personagens são mal aproveitados e desenvolvidos. Dos mosqueteiros, apenas Athos e d'Artagnan parecem existir; Porthos e Aramis não aparecem muito e tem poucas falas, se destacam apenas em algumas cenas de ação, o que é um grande defeito em um filme com um grupo de protagonistas. O filme apresenta Buckingham como o vilão principal da história, mas o personagem aparece pouco e é basicamente jogado fora na cena em que d'Artagnan foge de sua residência, que entra sem qualquer preparação ou antecipação dramática. Além disso, todo o drama e rivalidade de herói e vilão é jogado em cima de Rochefort(Mads Mikkelsen), coadjunvante totalmente desnecessário para o desenvolvimento da trama. O clímax da aventura faz com que o objetivo maior pareça ser fugir das forças de Buckingham e Richelieu do que evitar uma possível guerra. A trilha sonora, apesar de agradável, acaba se tornando muito genérica, parecendo-se com uma mistura de "Piratas do Caribe" com "Sherlock Holmes". A mixagem de som é perfeita, principalmente em duelos de espada, onde os efeitos sonoros são aplicados de modo bem preciso e sem falhas. A cinematografia é boa, principalmente em cenas noturnas, a luz é manipulada de forma excelente e o fato dos óculos 3D diminuírem a luminosidade em 20% não atrapalha na experiência. O 3D, por sinal, é fraco. Há sim algumas cenas em que os efeitos 3D são muito bem notados, mas ainda sim, estas são poucas. Economize seu dinheiro e assista ao filme em 2D. A conclusão do filme parece um pouco apressada, mas isso também não é um defeito muito relevante do filme, que acaba com uma brecha pra continuação extremamente exagerada, Paul precisa manerar mais as aberturas que deixa para que seus filmes continuem, uma vez que essas devem manter discrição sendo apenas pequenas brechas, e não um enorme arrombo que faz o espectador pensar que o filme ainda não acabou.
Conclusão Final: "Os Três Mosqueteiros"(The Three Musketeers, 2011) não é um bom filme justamente pelo mal aproveitamento de seus personagens e de seu enorme potencial, mas é extremamente divertido. Quem procura por uma ótima aventura com muitas cenas de ação, espadas e efeitos especiais vai encontrar o que precisa nesta fita, porém os mais exigentes irão se decepcionar.

Nota: 6.9

0 comentários:

Postar um comentário