A HORA DO ESPANTO
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Charley(Anton Yelchin, o Kyle Reese de "Exterminador do Futuro: A Salvação") é um garoto estudante do ensino médio que se encontra num relacionamento estável com sua namorada Amy(Imogen Poots), mas em uma situação complicada com seu ex-melhor amigo Ed(Christopher Mintz-Plasse, o Red Mist de "Kick-Ass"). Tentando negar seu passado nerd para se tornar popular na escola, Charley consegue um namoro ascendente com Amy mas uma amizade decadente com Ed. Mas, a vida de Charley realmente muda quando conhece seu novo vizinho, Jerry(Colin Farrell), que é acusado por Ed de ser um vampiro. Tal coisa soa como um absurdo e isso basicamente destrói a relação entre os dois. Porém, quando os desaparecimentos de pessoas começam a se ligar cada vez mais à ele mesmo e ao vizinho Jerry, Charley resolve investigar e descobre que o que Ed dizia não era nenhum absurdo. Antes que você leitor ache que estou contando muito sobre o filme, tudo isso é mostrado no trailer, então oficialmente não estou dando nenhum spoiler. Quando Jerry se dá conta de que Charley está espionando-o, o vampiro caça o estudante maniacamente e sua família também.
Vamos começar ressaltando algumas diferenças entre o original e o remake, mudanças importantes para atualizar a história e os personagens. Enquanto no longa antigo Charley era um garotinho medroso e desesperado para que alguém acreditasse nele, nesta fita, o protagonista é corajoso e está disposto à buscar pela verdade por si próprio de forma mais inteligente, e seu amigo Ed(que no primeiro longa era um fanático pela mídia sobrenatural) é quem tenta desesperadamente fazer com que Charley acredite nele. A mãe de Charley, interpretada por Toni Collette, tem muito mais participação neste filme do que no original, o que achei muito legal, pois a caça soa bem familiar no primeiro ato do filme. A namorada Amy é quem o protagonista está sempre protegendo, e tem participação importante na trama. O Grande Matador de Vampiros, Peter Vincent, que no filme original era um ator e apresentador de programas sobre vampiros e monstros, aparece muito mais atualizado nessa versão; Um mágico ilusionista, claramente inspirado no famoso Criss Angel. O Peter Vincent da nova versão tem certas semelhanças com o original, como sua covardia, mas também tem muitas diferenças que podem ser notadas já no trailer do filme, como seu modo peculiar de se vestir, o alcoolismo e o fato de ser mais jovem. O mágico tem uma relação passada com o vampiro Jerry, mas esta é apresentada e tratada de modo tão superficial que poderia ser ignorada. Talvez, se melhor explorada, poderia soar melhor nas telas, mas do modo que o filme apresenta é totalmente dispensável. Por falar em Jerry, este é o grande destaque do filme. Colin Farrell interpreta um Jerry com muito mais personalidade que o interpretado por Chris Sarandon no original. Enquanto o vampiro de Sarandon tentava ser mais charmoso e se adaptar mais normalmente à sociedade para provar à todos que Charley tenta convencer de que ele é um vampiro o contrário, o Jerry de Farrell age de uma forma mais provocativa e irônica, principalmente em seus primeiros diálogos com o protagonista. Colin Farrell cria um vampiro sociopata, sedutor, animalesco, sombrio e irônico, até em seu tom de voz, que é uma das características que transmitem bem sua ironia e sua provocação. Jerry também se mostra bastante manipulador quando necessário, e é ciente de seus poderes, utilizando-os muito bem ao longo do filme. Tanto os sobrenaturais quanto os sedutores.
O filme se mantém fiel ao original e apresenta o vampiro de um modo bem clássico; Temendo crucifixos, não aparecendo em reflexos de espelhos, morrendo com estacas no coração, precisando ser convidado para entrar na casa de alguém(O que é muito melhor explorado neste filme do que no antigo) e acima de tudo: Queimando no sol. Não brilhando no sol, QUEIMANDO no sol. O tom do filme também apresenta os subúrbios de Las Vegas como um local adorável de se viver durante o dia, mas sombrio e perigoso durante a noite. A cinematografia do filme faz do mesmo uma obra bem obscura, e quanto à fotografia, as cores não são muito destacadas, mantendo o tom sombrio do filme. Há MUITO sangue, como deve ser feito num filme de vampiros, mas a coloração vermelha não é tão forte quanto em "Premonição 5", pelo contrário, o vermelho do sangue aparece bem escuro. O suspense é bastante presente no filme sim, mas não é a chave. As coisas se atualizam, o filme antigo apostava no suspense para assustar aos espectadores. Aqui, o suspense é sim muito bem utilizado quando aparece, mas a ação é o que chama a atenção de verdade. A tensão da caçada, as ótimas cenas de ação entre Jerry e os protagonistas. Os efeitos especiais são muito bons, não há o que botar defeito. Não são extravagantes, mas também não partilham da falta de qualidade que alguns filmes vem mostrando ultimamente. Já o 3D é mediano. Os efeitos são muito bem aplicados sim, você realmente sente as coisas vindo na sua cara(de forma utilizada para não afetar a experiência de quem vá assistir o filme em 2D), mas como o óculos 3D diminue a iluminação e muitas cenas de ação do longa se passam durante a noite ou em ambientes escuros, isso atrapalha na imagem. Prefira a cópia em 2D do filme.
A trilha sonora é forte e penetrante, mas em muitos momentos é bem genérica. Não é nada marcante como deveria ser(O tema do filme original é muito mais memorável), mas inegavelmente acrescenta muito à experiência durante as cenas de suspense e ação. Ainda sim, deveria ter sido melhor composta, o que não era esperado do compositor da trilha de "Homem de Ferro"(Iron Man, 2007), que é ótima. Quanto ao humor do filme, funciona muito melhor do que no original, mas ainda é leve. Pelo menos eu não consideraria esse filme uma obra de terror/comédia, achei "Pânico 4"(Scream 4, 2011) muito mais engraçado nesse aspecto. Mas claro, isso varia para cada um. O filme é muito menos sensualizado que o original(Lembre-se que se trata de um filme da Disney), mas é claro, não se esquece do lado sedutor dos vampiros. O terror é muito mais presente neste filme do que no original também. O original continha um suspense de matar, mas este utiliza muito mais os sustos e cenas horripilantes para conquistar seu público(Um sujeito não conseguiu comer sua pipoca e me ofereceu o saco cheio ao final da sessão), ressucitando também o verdadeiro gênero do terror.
Conclusão Final: "A Hora do Espanto"(Fright Night, 2011) devolve ao cinema os vampiros do jeito que eles devem ser: Selvagens, sedutores e manipuladores. Com direito à ótimas atuações, efeitos especiais e cenas de ação empolgantes, o filme é um prato cheio para aqueles que procuram uma experiência divertida e assustadora. O longa peca apenas por apresentar muito superficialmente a relação entre Peter Vincent e Jerry e por sua trilha sonora pouco memorável, mas é um filme obrigatório para todos os fãs de crônicas vampirescas ou do gênero terror em si. Recomendado!
Nota: 8.7
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