10.10.11

"A Hora do Espanto" ressucita não só os bons e velhos vampiros, mas também o gênero terror

A HORA DO ESPANTO


Depois de um bom tempo descansando em seus caixões, os vampiros voltaram à moda cinematográfica com "Crepúsculo"(Twilight, 2008), mas voltaram não tão assustadores como antes. Enquanto nos filmes de antigamente, vampiros e lobisomens eram criaturas diabólicas que causavam medo e pesadelos, agora eles se tornaram motivo de adoração de garotas adolescentes só pelos atores que os interpretam ou motivo de chacota para as pessoas com mais senso crítico. Enquanto a saga dos vampiros purpurinados chega ao fim, novas versões surgem. "Padre"(Priest, 2011) tenta apresentar vampiros animalescos, sem alma e sem cérebro, mas falha. "Deixe-Me Entrar"(Let Me In, 2010) mostra-se um ótimo filme(um dos meus preferidos do gênero, aliás) mas não tem o suficiente para conquistar o público "old school" dos vampiros de volta. Mas, quando assisti ao trailer de "A Hora do Espanto"(Fright Night, 2011) durante uma sessão de "Premonição 5"(Final Destination 5, 2011), eu vi algo que realmente poderia trazer os bons e velhos vampiros de volta ao cinema. É claro que eu não iria conferir este remake sem antes assistir à obra original, então me apressei para ir à locadora e alugar o antigo filme. Assisti e adorei. Agora era só esperar para conferir a nova versão, e valeu a pena esperar.
Charley(Anton Yelchin, o Kyle Reese de "Exterminador do Futuro: A Salvação") é um garoto estudante do ensino médio que se encontra num relacionamento estável com sua namorada Amy(Imogen Poots), mas em uma situação complicada com seu ex-melhor amigo Ed(Christopher Mintz-Plasse, o Red Mist de "Kick-Ass"). Tentando negar seu passado nerd para se tornar popular na escola, Charley consegue um namoro ascendente com Amy mas uma amizade decadente com Ed. Mas, a vida de Charley realmente muda quando conhece seu novo vizinho, Jerry(Colin Farrell), que é acusado por Ed de ser um vampiro. Tal coisa soa como um absurdo e isso basicamente destrói a relação entre os dois. Porém, quando os desaparecimentos de pessoas começam a se ligar cada vez mais à ele mesmo e ao vizinho Jerry, Charley resolve investigar e descobre que o que Ed dizia não era nenhum absurdo. Antes que você leitor ache que estou contando muito sobre o filme, tudo isso é mostrado no trailer, então oficialmente não estou dando nenhum spoiler. Quando Jerry se dá conta de que Charley está espionando-o, o vampiro caça o estudante maniacamente e sua família também.
Vamos começar ressaltando algumas diferenças entre o original e o remake, mudanças importantes para atualizar a história e os personagens. Enquanto no longa antigo Charley era um garotinho medroso e desesperado para que alguém acreditasse nele, nesta fita, o protagonista é corajoso e está disposto à buscar pela verdade por si próprio de forma mais inteligente, e seu amigo Ed(que no primeiro longa era um fanático pela mídia sobrenatural) é quem tenta desesperadamente fazer com que Charley acredite nele. A mãe de Charley, interpretada por Toni Collette, tem muito mais participação neste filme do que no original, o que achei muito legal, pois a caça soa bem familiar no primeiro ato do filme. A namorada Amy é quem o protagonista está sempre protegendo, e tem participação importante na trama. O Grande Matador de Vampiros, Peter Vincent, que no filme original era um ator e apresentador de programas sobre vampiros e monstros, aparece muito mais atualizado nessa versão; Um mágico ilusionista, claramente inspirado no famoso Criss Angel. O Peter Vincent da nova versão tem certas semelhanças com o original, como sua covardia, mas também tem muitas diferenças que podem ser notadas já no trailer do filme, como seu modo peculiar de se vestir, o alcoolismo e o fato de ser mais jovem. O mágico tem uma relação passada com o vampiro Jerry, mas esta é apresentada e tratada de modo tão superficial que poderia ser ignorada. Talvez, se melhor explorada, poderia soar melhor nas telas, mas do modo que o filme apresenta é totalmente dispensável. Por falar em Jerry, este é o grande destaque do filme. Colin Farrell interpreta um Jerry com muito mais personalidade que o interpretado por Chris Sarandon no original. Enquanto o vampiro de Sarandon tentava ser mais charmoso e se adaptar mais normalmente à sociedade para provar à todos que Charley tenta convencer de que ele é um vampiro o contrário, o Jerry de Farrell age de uma forma mais provocativa e irônica, principalmente em seus primeiros diálogos com o protagonista. Colin Farrell cria um vampiro sociopata, sedutor, animalesco, sombrio e irônico, até em seu tom de voz, que é uma das características que transmitem bem sua ironia e sua provocação. Jerry também se mostra bastante manipulador quando necessário, e é ciente de seus poderes, utilizando-os muito bem ao longo do filme. Tanto os sobrenaturais quanto os sedutores.
O filme se mantém fiel ao original e apresenta o vampiro de um modo bem clássico; Temendo crucifixos, não aparecendo em reflexos de espelhos, morrendo com estacas no coração, precisando ser convidado para entrar na casa de alguém(O que é muito melhor explorado neste filme do que no antigo) e acima de tudo: Queimando no sol. Não brilhando no sol, QUEIMANDO no sol. O tom do filme também apresenta os subúrbios de Las Vegas como um local adorável de se viver durante o dia, mas sombrio e perigoso durante a noite. A cinematografia do filme faz do mesmo uma obra bem obscura, e quanto à fotografia, as cores não são muito destacadas, mantendo o tom sombrio do filme. Há MUITO sangue, como deve ser feito num filme de vampiros, mas a coloração vermelha não é tão forte quanto em "Premonição 5", pelo contrário, o vermelho do sangue aparece bem escuro. O suspense é bastante presente no filme sim, mas não é a chave. As coisas se atualizam, o filme antigo apostava no suspense para assustar aos espectadores. Aqui, o suspense é sim muito bem utilizado quando aparece, mas a ação é o que chama a atenção de verdade. A tensão da caçada, as ótimas cenas de ação entre Jerry e os protagonistas. Os efeitos especiais são muito bons, não há o que botar defeito. Não são extravagantes, mas também não partilham da falta de qualidade que alguns filmes vem mostrando ultimamente. Já o 3D é mediano. Os efeitos são muito bem aplicados sim, você realmente sente as coisas vindo na sua cara(de forma utilizada para não afetar a experiência de quem vá assistir o filme em 2D), mas como o óculos 3D diminue a iluminação e muitas cenas de ação do longa se passam durante a noite ou em ambientes escuros, isso atrapalha na imagem. Prefira a cópia em 2D do filme.
A trilha sonora é forte e penetrante, mas em muitos momentos é bem genérica. Não é nada marcante como deveria ser(O tema do filme original é muito mais memorável), mas inegavelmente acrescenta muito à experiência durante as cenas de suspense e ação. Ainda sim, deveria ter sido melhor composta, o que não era esperado do compositor da trilha de "Homem de Ferro"(Iron Man, 2007), que é ótima. Quanto ao humor do filme, funciona muito melhor do que no original, mas ainda é leve. Pelo menos eu não consideraria esse filme uma obra de terror/comédia, achei "Pânico 4"(Scream 4, 2011) muito mais engraçado nesse aspecto. Mas claro, isso varia para cada um. O filme é muito menos sensualizado que o original(Lembre-se que se trata de um filme da Disney), mas é claro, não se esquece do lado sedutor dos vampiros. O terror é muito mais presente neste filme do que no original também. O original continha um suspense de matar, mas este utiliza muito mais os sustos e cenas horripilantes para conquistar seu público(Um sujeito não conseguiu comer sua pipoca e me ofereceu o saco cheio ao final da sessão), ressucitando também o verdadeiro gênero do terror.
Conclusão Final: "A Hora do Espanto"(Fright Night, 2011) devolve ao cinema os vampiros do jeito que eles devem ser: Selvagens, sedutores e manipuladores. Com direito à ótimas atuações, efeitos especiais e cenas de ação empolgantes, o filme é um prato cheio para aqueles que procuram uma experiência divertida e assustadora. O longa peca apenas por apresentar muito superficialmente a relação entre Peter Vincent e Jerry e por sua trilha sonora pouco memorável, mas é um filme obrigatório para todos os fãs de crônicas vampirescas ou do gênero terror em si. Recomendado!

Nota: 8.7

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