16.10.11

"Deixe-Me Entrar" é sombriamente lindo e assustador

DEIXE-ME ENTRAR


Depois de um breve comentário sobre "Deixe-Me Entrar"(Let Me In, 2010) em minha crítica de "A Hora do Espanto"(Fright Night, 2011) e com a volta dos bons vampiros aos cinemas, não poderia deixar de escrever minha análise sobre esta maravilhosa obra de arte.
Eu não assisti ao longa original, "Deixe Ela Entrar"(Let The Right One In, 2008), de origem sueca, então não posso comentar sobre a função de fidelidade desse remake em comparação ao original, julgarei-o como uma obra separada, como costumo fazer com remakes.
A ideia é bastante original: Abby(Chloë Grace Moretz) é uma misteriosa garota de 12 anos que se muda para a vizinhança de Owen(Kodi Smit-McPhee) e faz amizade com o mesmo. O que Owen não sabe é que Abby é uma selvagem vampira que não pode caçar por ser muito jovem, então seu guardião(Richard Jenkins) é responsável por matar pessoas e retirar seu sangue, para levá-lo à Abby. A situação se complica quando um determinado policial(Elias Koteas) começa a investigar os misteriosos assassinatos e o guardião de Abby se vê sem saída.
O filme começa nos apresentando o policial, interpretado muito bem pelo desconhecido Elias Koteas e o guardião de Abby. Richard Jenkins faz muito bem o seu papel, ele estrutura o personagem de modo à mostrar um enorme afeto por sua protegida, ao mesmo tempo mostrando-se frágil ao confrontá-la, deixando claro desde o começo de que não é o pai de Abby. Owen também é muito bem representado por Kodi Smit-McPhee, que dá personalidade frágil e inocente ao pobre garoto que sofre de bullying na escola e encontra amor e vingança em Abby. Owen não tem amigos, então forma uma profunda relação com a vampira da porta ao lado. Como pode ver, tudo gira ao redor da jovem sanguessuga, então vamos falar dela. Chloë Grace Moretz entrega aqui o que é provavelmente a melhor atuação de sua carreira. A jovem atriz mostra seu verdadeiro potencial na pele de Abby, interpretando a personagem de forma que a mesma se mostra ao mesmo tempo relutante para começar amizades e também carente de carinho e proteção. Abby se vê numa relação decadente com seu guardião e ascendente com Owen, que mostra do começo ao fim estar determinado a protegê-la. Mesmo tendo seu lado fraco e delicado, Abby é extremamente selvagem quando sedenta por sangue. O filme se desenvolve à maneira de que a situação fica cada vez mais complicada para Abby viver e manter seu relacionamento com Owen, e a carismática vampira faz com que o espectador torça por ela. Aqui, não temos caninos nem a chance de ver um vampiro temer um crucifixo, mas, como o próprio nome diz, os mesmos precisam ser convidados pra entrar em uma casa e também queimam no sol. Há cenas muito sangrentas e pertubadoras no filme, o que me fez pensar em como diabos a censura ficou tão baixa no Brasil(14 anos). Todos os personagens se relacionam muito bem um com o outro, e a química entre Chloë e Kodi é simplesmente perfeita. A cada encontro dos personagens dos mesmos, eles se importam mais um com o outro e se determinam ainda mais a se proteger. Os bullys da escola de Owen também recebem o devido destaque(e o devido fim), sendo bem interpretados por Dylan Minnette, Jimmy "Jax" Pinchak e Nicolai Dorian. Ritchie Coster, que interpretou o mafioso Chechen em "Batman: O Cavaleiro das Trevas"(The Dark Knight, 2008), também está no elenco. Coster interpreta o professor de educação física, aparece pouco e não é de extrema importância para o longa, mas demonstra suas habilidades como o ótimo ator que é. Definitivamente um artista que merece mais espaço em Hollywood. O CG é pouco usado aqui, efeitos práticos entram mais em questão, mas nas poucas horas em que os efeitos gráficos são usados, estes são perfeitos. Sendo um filme de terror que se passa em tempos antigos(eu diria anos 80, pois o jogo Pac-Man já existe no filme e o mesmo foi criado na década de 80), a fotografia do filme é mais descolorida, destacando pouquíssimas cores. A manipulação de luz e sombra é perfeita, fazendo com que as cenas noturnas sejam extremamente góticas e obscuras aos nossos olhos. A mixagem de som também não peca, apresentado ótimos efeitos sonoros de sangue e batidas de porta que não fazem apenas os personagens ficarem tensos, mas o espectador também. Entretanto, a trilha sonora instrumental, apesar de intensa, é pouco presente e pouco marcante quando aparece. Apenas o tema principal do filme, que toca em um momento próximo de seu final e durante os créditos, é verdadeiramente memorável e muito bonito. O diretor Matt Reeves, responsável pelo decepcionante "Cloverfield: Monstro"(Cloverfield, 2008), faz um ótimo trabalho nesta fita. Os ângulos de filmagem são bem simples, mas conseguem chamar mais a atenção em momentos em que a câmera filma por cima, um modo bem simples e útil de mostrar o que precisa ser mostrado em devida cena, e que não fica feio na tela. O filme contém hits conhecidos como "Let's Dance", de David Bowie, "Burnin' For You", do Blue Öyster Cult e entre outros, tendo uma excelente escolha musical para a trilha sonora do filme. A conclusão do filme é ao mesmo tempo sangrenta, bonita, triste e feliz. Quem não gosta de finais felizes e quem não gosta de finais tristes provavelmente vai se contentar com o final deste longa, irá entender quando assisti-lo.
Conclusão Final: "Deixe-Me Entrar"(Let Me In, 2011) é uma esplêndida obra de arte goticamente linda guiada pelo extremo talento da jovem Chloë Grace Moretz, que tem um longo caminho pela frente. Acima de terror e suspense, este é um filme de romance, num estilo totalmente alternativo de "A Bela e a Fera", onde a Bela também é a Fera. Há um potencial para uma sequência sim, mas o diretor tem que estar bem seguro para fazê-la, pois este é um filme tão magnífico que seria uma pena vê-lo sendo estragado por uma sequência ruim. Recomendado!

Nota: 10,0

1 comentários:

  1. Texto perfeito, excelente resenha critica.
    Me chamou muito atenção nesse excelente filme, tambem o fato de jamais o rosto da mãe do menino aparecer, o que tem um forte significado no contexto.

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