19.10.11

"Atividade Paranormal" tem uma ótima ideia que se perde em enrolação

ATIVIDADE PARANORMAL


Sim, finalmente "Atividade Paranormal"(Paranormal Activity, 2007) chegou na Blaster Lizard. Com todos os comentários, todas as polêmicas ao redor do filme, e com o lançamento do terceiro capítulo nesta sexta, resolvi assistir aos dois primeiros antes de ir ver o terceiro no cinema. O fato é, como filme de terror, é o tipo de filme "love it or hate it", sem meio termos. Como um filme, poderia ser muito melhor no desenvolvimento de sua trama. O filme conta a história de um casal que é atormentado por um misterioso demônio. Só isso.
De fato, isso é o suficiente pra fazer um bom filme de terror, mas acaba que o assim chamado "filme mais assustador de todos os tempos" não é tão assustador assim. Desde o início, o filme tenta te convencer de que é real, e não uma simples ficção. Para tal, o filme segue os passos de "A Bruxa de Blair"(The Blair Witch Project, 1999) e nomeia seus personagens de acordo com o nome real dos atores que os representam. Antes de qualquer coisa, sendo este um filme altamente popular e assistido, há possíveis spoilers nesta crítica.
Katie Featherston e Micah Sloat fazem um ótimo trabalho como o casal atormentado pelo demônio invisível, as atuações são boas o suficiente para fazer alguém acreditar que o filme é real, e o modo como a maioria das cenas se desenvolvem, sendo este um filme no estilo "filmagens encontradas", também é convincente. Mas, provavelmente, o fato do filme inteiro se passar diante da câmera é um de seus defeitos. Muitas cenas seriam melhor desenvolvidas e entendidas num estilo normal - Afinal, apesar do filme tentar te convencer que é real, todo mundo sabe que isso é uma obra de ficção. Nas cenas em que Katie e Micah estão dormindo e o demônio age, o modo "filmagens encontradas" funciona muito bem, mas em cenas onde os dois estão investigando e tentando encontrar uma maneira de parar o demônio, não cai tão bem assim. O modo como o casal investiga, as informações que eles obtem e como chegam até elas te fazem pensar que talvez possa realmente existir demônios que te assombram à noite, mas sejamos francos, uma obra de arte cinematográfica não se faz apenas disso. A primeira uma hora do filme é quase um sonífero, sendo salva apenas pelo carisma dos atores que fazem com que o espectador se interesse em saber da origem de tudo isso e se importar com eles. Você também não cai no sono de tanto tédio porque a incerteza cresce ao longo do primeiro e do segundo ato, se é que podemos usar esses nomes aqui, os personagens ficam cada vez mais incertos do que realmente está atormentando eles e do porquê tal entidade está fazendo isso. No quesito desse tipo de suspense, de fazer com que o espectador espere por mais e mais, o filme cumpre a tarefa com eficácia. Entretanto, no momento em que você espera que o pior ainda está por vir e o mal realmente dará as caras... Nada demais acontece. O filme também não explica basicamente nada do que ocorre, como por exemplo na cena em que o Dr. Fredrichs(Mark Fredrichs) entra na casa para ajudar o casal, diz que não pode ajudar no momento e simplesmente sai. Provavelmente o diretor/roteirista Oren Peli fez isso com a intensão de atrair mais o público para a continuação, mas Peli deveria saber que esse tipo de furo deve ser colocado no final do filme ou após os créditos, e não durante o desenvolvimento de sua trama. Leves referências que talvez possam passar despercebidas, tudo bem, mas cenas expostas desse tipo que deixam um enorme buraco de dúvida no filme não podem ser usadas no meio da fita. O suspense consegue fazer com que você fique curioso para saber o que acontece a seguir, mas as cenas não são fortes o suficiente para te deixar aflito ou nervoso com a situação. Não há trilha sonora, mas a ausência da mesma acaba não sendo um defeito neste filme. Não há nada o que falar sobre cinematografia e fotografia, uma vez que tudo é totalmente cru. Os efeitos são todos práticos, não há CG no filme, e em sua maioria são utilizados de ótima forma, exceto na cena em que o cursor da tábua ouija começa a se mover, o que pareceu muito falso.
A conclusão do filme parece um tanto apressada e totalmente inexplicada. Simplesmente parece que aquele não é o final do filme, o mesmo parece incompleto. Isso sem mencionar que, após atiçar toda a curiosidade do espectador, o filme termina no momento em que ele vai começar a ficar assustador.
Conclusão Final: "Atividade Paranormal"(Paranormal Activity, 2007) tem ótima ideia, porém esta é mal conduzida pelas mãos de um diretor inexperiente e se perde totalmente quando o terror começa a realmente aparecer e o filme simplesmente acaba, não se tornando nem ao menos divertido. Há enormes buracos e fatos inexplicados, o que torna necessário ver as continuações, mas ao mesmo tempo que para ver estas seria necessário também ter a má experiência de ver o primeiro filme, uma vez que é uma franquia completa.

Nota: 3.6

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