OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES
A versão de David Fincher de "Os Homens Que Não Amavam As Mulheres", best-seller mundial de Stieg Larsson, é um dos filmes mais aguardados por mim para 2012. Antes que a versão de Fincher seja lançada, eu resolvi comprar o livro, mas antes de ler a obra de Larsson, aluguei a primeira versão cinematográfica sueca da história.
O filme estrela Michael Nyqvist e Noomi Rapace respectivamente como Mikael Blomkvist e Lisbeth Salander. Blomkvist é um repórter da revista Millennium que ao acusar outra empresa em sua matéria, cai numa cilada e é condenado à prisão. Blomkvist tem seis meses até começar a cumprir a sua pena, e quando Henrik Vanger(Sven-Bertil Taube) o oferece uma boa grana para investigar o desaparecimento(ou assassinato) de Harriet Vanger(Ewa Fröling), o repórter não vê como recusar a generosa oferta. Blomkvist faz uma aliança profunda com a hacker profissional Lisbeth Salander, uma garota forte com visual peculiar que sofre por seu passado e com o jeito que a vida pesa sobre ela.
Primeiramente eu gostaria de falar sobre a alta qualidade do cinema suéco. Digo isso em todos os aspectos, e vou detalhar cada um deles. Posições de câmera muito bem pensadas são usadas neste longa, e a fita tem a qualidade de filmagem a altura dos maiores blockbusters Hollywoodianos. A imagem em HD do blu-ray foi muito bem trabalhada e visualmente, o longa foi sublimemente editado, deixando em evidência também que os suecos não usam qualquer tipo de câmera em seus filmes. Arrisco dizer que este filme foi um dos melhores que já vi em blu-ray, em termos visuais. A mixagem de som, no entanto, peca em alguns momentos onde o som é aplicado precipitadamente. Por exemplo, o áudio de uma pancada surgindo antes do golpe atingir o alvo. A trilha sonora demonstra o talento de Jacob Groth, compositor pouco conhecido que trabalhou nos três filmes da trilogia Dragon Tattoo. É muito bem composta, apesar de não ser tão marcante o quanto poderia ser em um longa desse estilo. As atuações são todas muito boas. Nyqvist é ótimo representando Mikael Blomkvist, e Noomi Rapace faz uma excelente interpretação de Lisbeth Salander. Rapace compõe a personagem de forma sombria, depressiva, destemida, perseverante e vingativa. Salander é uma mulher que está sempre sendo empurrada pelo forte tufão, mas nunca desistindo de seguir em frente, nunca se cansando, não deixando que seus inimigos a destruam completamente, e a atriz sueca interpreta essa complicada personagem perfeitamente. Carismática e bonita, Rapace conquista o público na pele de Salander. A química entre o também carismático Michael Nyqvist e Noomi Rapace se desenvolve adequadamente enquanto a história se estrutura, e a forte relação entre os dois personagens não é apenas um mero detalhe. Blomkvist também é um personagem bem estruturado, sendo do começo ao fim um repórter persistente que não tem nada a perder. Peter Haber também é ótimo no papel de Martin Vanger, que ganha bastante espaço para mostrar seu talento no terceiro ato do longa. O filme é muito bem dividido em seus atos. No primeiro, nos são apresentados Blomkvist e Salander separadamente, no segundo sua aliança é formada e no terceiro, um desfecho ótimo. A história é intrigante do começo ao fim. O modo como o mistério sobre o desaparecimento de Harriet se desenrola atrai o espectador mais e mais para a cortina final. A conclusão direciona para respostas improváveis, e nos entrega as ótimas interpretações do bom elenco em máximo volume. Luz e sombras são bem manipuladas, o filme parece bastante brilhante em cenas diurnas enquanto nas noturnas e externas o filme não é mantido escuro o suficiente para que se torne totalmente obscuro. Já em cenas internas escuras, a fita é altamente sombria. O filme é muito bem regido por seu seguro diretor, trabalhando muito bem com as sólidas e ótimas atuações de seu elenco. Os efeitos especiais, em sua maioria práticos, são muito bons, assim como a maquiagem, que atrai bastante a atenção especialmente quando se tratando de ferimentos. Não posso dizer nada sobre o quão próximo o filme é do livro, afinal eu não o li ainda, mas deixo garantido que o filme é ótimo como uma obra que se sustenta sozinha, você não precisa ter lido o livro para gostar ou entender o filme.
Conclusão Final: "Os Homens Que Não Amavam As Mulheres"(The Girl With the Dragon Tattoo, 2009) prova a competência dos cineastas, compositores e atores suecos e a qualidade de suas obras, mesmo que sendo os filmes suecos muito mal distribuídos em nossa região(da trilogia Dragon Tattoo, apenas este primeiro filme foi lançado no Brasil, e ainda direto em DVD). Agora, que venha a aguardada versão de David Fincher!
Nota: 8,8