19.2.12

The Darkness, a obra prima de Paul Jenkins.

“The Darkness” foi lançado em junho de 2007, publicado pela 2K Games e licenciado pela Top Cow Comics. O jogo adapta parte da vida de Jack Estacado, que aos vinte e um anos de idade se torna o hospedeiro de uma herança macabra de família: a Escuridão. Repleto de ação, um clima pesado mesclando perfeitamente suspense e terror, o primeiro jogo da série foi aclamado como um dos melhores do gênero já lançados em sua época de estréia, e agora ganha uma continuação. A temática abordada é traduzida como a máfia, através de um clima que lembra muito a lenda de Mário Puzzo: O Poderoso Chefão.




The Darkness II 

De início, pode-se dizer que há um verdadeiro abismo entre o primeiro e o segundo jogo da série. Não quanto à qualidade, de modo algum, mas sim quanto aos recursos utilizados. No primeiro jogo vemos uma qualidade gráfica impecável, que realmente transporta o jogador para o que se parece um filme clássico sobre a máfia nos anos oitenta. A trilha sonora não decepciona, tal como os diálogos e recursos tecnológicos clássicos dos anos noventa (época onde a trama se inicia), como o antigo Pager (isso crianças, não existe celular desde 1950). Essa saída foi utilizada por conta do desejo de Matt Hawkins (presidente da Top Cow) em encontrar as reações dos fãs do personagem quanto às adaptações necessárias para uma investida cinematográfica. Bom, a aceitação foi brutal, e pode-se dizer que a trama criada nos jogos é tão boa ou melhor do que a dos quadrinhos, recheados de altos e baixos com pontas soltas que foram esquecidas desde 1998. O segundo jogo vai num caminho quase oposto. Os gráficos, em toda a sua imensidão, fazem de tudo para assimilar o impacto visual do jogo com as páginas dos quadrinhos, dando um efeito similar ao do primeiro jogo, porém, te levando para as páginas das HQ’s. Além dos gráficos, em vídeos promocionais lançados antes do jogo, e contidos nele para visualização através dos menus, é utilizado o recurso de motion-comic, utilizando páginas já finalizadas com tecnologia de movimentação. São como água e vinho, porém, da melhor qualidade possível. Um item simples utilizado em ambos os jogos, são os vídeos que contam mais sobre a história durante as telas de loading, apresentando mais sobre a vida de Jack Estacado. Temos inicialmente um sistema de tiro em primeira pessoa, porém, adicionando a interatividade com os poderes obscuros que o personagem adquire e aprende a controlar. 

" A história, antes e agora. "

A história toma um rumo diferente das HQ’s, e Paul Jenkins, responsável pelo roteiro de ambos os jogos utiliza a espinha dorsal da melhor história publicada do personagem, o relançamento da série através do arco “Ressurreição”. No jogo, Jack Estacado é um órfão, que viveu desde seus primeiros dias de vida a até os oito anos de idade no orfanato de Saint Gerald, na zona não tão glamurosa da grande maçã, New York. Rejeitado por todos, e vivendo entre padres sádicos, viu em Jennyfer Romano, uma garota que chegou lá na mesma noite, um sinal de esperança. Cresceram juntos como melhores amigos, e aos oito anos ele foi adotado por Paulie Franchetti, líder da família mafiosa de mesmo nome. Paulie é um nome temido no submundo do crime da cidade, sendo milionário às custas do clássico sistema de proteção em troca de dinheiro. Dessa forma ele dominava desde restaurantes e boates ao sistema policial da cidade. Jack foi adotado por Paulie, graças à fama de seu pai, um executor da máfia. Paulie acreditava que Jack herdaria as habilidades lendárias de seu pai para matar, e o lapidou dessa forma. Jack jurou voltar por Jenny, e assim foi. Ela saiu do orfanato emancipada, e embora não aceitasse seu dinheiro, tinha uma forma digna de vida. Para todas as aparências, Jack era contador dos ganhos semanais na família. Namorados, tinham uma vida estável juntos, inclusive esse ponto supera tudo mostrado nas HQs sobre o casal. No momento onde Jenny compra seu primeiro apartamento, é visível o modo como ele queria protegê-la da vida que tinha, e como pensava em mudar sua ocupação para algo que a orgulhasse. Porém... nem tudo são rosas. Na noite de seu vigésimo primeiro aniversário a Escuridão desperta. A Escuridão é um poder ancestral, tão antigo quanto o tempo. No seu conceito, utilizaram mitos religiosos, colocando a Escuridão como uma criatura viva que dominava a Terra, sendo abolida quando Deus criou a Luz. Como vingança, ela impregnou em sua criação preferida: a humanidade. Uma linha genealógica foi escolhida, a de uma família da Península Ibérica que futuramente seria conhecida como “Estacado (traduzido como amaldiçoado)”, passando a maldição de pai para filho no momento da concepção. Na noite de seu aniversário, Paulie planejava assassinar Jack e encerrar um histórico de atitudes que não o agradavam. Jack queria largar a máfia, mas como diria Michael Corleone... “sempre que eu tento sair, algo me puxa de volta”. Como as atitudes de Jack o fizeram ser marcado para morrer, ele fez o que sempre faz: sobrevive. Mas, o inesperado, era que o ataque planejado por Paulie seria uma distração, e o real alvo era Jenny. Ele a seqüestra, e a mata diante dos olhos de Jack. Um fator utilizado nessa narrativa, é o do amor incondicional. Jack via em Jenny a única razão para seguir adiante, e ela acaba morta por sua culpa. Sem nada lhe restando, ele toma a mesma arma utilizada para a morte de Jenny, e numa cena poética que lembra o desfecho prematuro da história de Romeu e Julieta, ele puxa o gatilho encerrando sua vida. O problema é que... ele volta. Ao se matar, Estacado é enviado ao inferno, e lá vemos uma versão angustiante desse lugarzinho que dizem feder a enxofre. Não temos almas queimando, ou um cara com chifre e tridente. O inferno é um campo de guerra, onde criaturas monstruosas massacram soldados criados a partir das almas de pecadores. O problema é que após serem desmembrados, seja por tiros, cortes ou explosões, eles voltam intactos para sofrer novamente. A série “Supernatural” usa um recurso parecido, onde o inferno se traduz nesse sofrimento eterno, na angustia para se livrar de uma dor que jamais partirá. Lá ele conhece Anthony Estacado, seu bisavô, a aprende sobre seus poderes, e o que significam. Passadas as “férias”, ele retorna, dessa vez com um único objetivo: fazer Paulie pagar. Diante de uma caçada através dos níveis sociais da cidade, Jack confronta a máfia, o sistema policial corrompido, e por último encontra Paulie Franchetti após assassinar todos os seus seguranças numa ilha particular. Jack possui poderes que o tornam intocável na trama criada, fazendo com que até mesmo as mais meticulosas estratégias quando se confronta os policiais, sejam inúteis. Jack sabe o que enfrenta, eles não. Esperam um homem comum e encontram uma visão atordoante da morte. Esse é o desfecho do primeiro jogo. Por que entrar no critério de discutir os efeitos da morte de Jenny? Porque, quando a única pessoa com quem Jack se importava acaba morrendo, não resta mais nada a perder. 

" Don Estacado. "

O segundo jogo é iniciado com Jack já assumindo o posto de Don da Família Franchetti. Passaram-se dois anos desde que Jenny se foi, e de uma certa forma, Jack seguiu adiante. O elenco de apoio é mais forte nessa continuação, tendo a trama focada muito bem na ajuda que Jack recebe de seus bravos soldados. Vinnie é o mais influente deles, o segundo no comando da Família, e aparentemente, um amigo confiável. O jogo tem seu início durante um ataque num restaurante italiano. Iniciam um verdadeiro massacre com o aparente intuito de assassinar o Don, Jack Estacado. Sua perna direita é mutilada, e na primeira sequencia o tiroteio ocorre enquanto Jack é arrastado por Vinnie rumo a um lugar seguro. Sem muito sucesso, acabam presos na cozinha, com o gás ligado e um molotov fazendo companhia. A explosão o mataria, de fato, mas a Escuridão está ali para evitar que isso ocorra. Nessa primeira cena somos apresentados ao antagonista do jogo: Victor Valente. Também surge uma revelação, Jack não usa a Escuridão à dois anos, e se vê obrigado a utilizá-la nesse momento para salvar sua vida. No instante seguinte, ele inicia uma perseguição aos homens que o atacaram, pelas suas de New York, e posteriormente no sistema de metrô da cidade. Encerrado o caso, Jack retorna para a Mansão Franchetti e a contagem de mortos já é elevada. Um fator muito bem trabalhado no jogo é de fato a Mansão, construída com uma precisão gráfica incrível. Aliás, temos referências à outros títulos da Top Cow, como a edição da Midnight Nation deixada no chão do quarto de Estacado. Também em seu quarto, há um pequeno altar com uma foto de Jenny e uma vela singela. Jack não a esqueceu. Os momentos na mansão, de fato, lembram clássicos da Máfia, como a série Godfather. A trilha sonora contém trechos de Frank Sinatra e referências à Guns’n Roses, tendo a sequencia musical muito bem trabalhada durante os trechos de ação e combate. Após outras missões ligadas à Máfia e a busca de informações sobre quem organizou o ataque ao restaurante, Estacado acaba caindo em uma armadilha, e vítima de Valente, o vilão que se apresenta como o líder da Irmandade da Escuridão (apenas “Irmandade” na versão original). A Irmandade proclama a Escuridão como seus portadores originais, embora tenha sido criada por um antigo hospedeiro do poder ancestral para auto adoração e um rumo ao domínio do mundo. Eles utilizam um artefato chamado “O Sifão”, criado por Angelus, sua força opositora, possuindo poder suficiente para drenar a Escuridão de dentro do corpo do hospedeiro. De início, Estacado concorda, e não se importa em ver a Escuridão sendo retirada de seu corpo. Porém, o poder ancestral que é mais antiga que o tempo, tem sua carta na manga: Jenny. Sua alma foi aprisionada no inferno pela Escuridão. Se a Escuridão for drenada, a alma de Jenny pertencerá à Irmandade. Essa é a deixa para que a vingança de Estacado seja traçada, do modo mais brutal possível. A Irmandade não é párea para o hospedeiro num “mano-a-mano”, mas, utilizam relíquias que fornecem frações de poder que em grupo, os torna temíveis. Ao contrário do primeiro jogo, onde os inimigos não sabem o que estão enfrentando, a Irmandade sabe, e treinou para isso. Os soldados possuem armaduras e armas forjadas com frações da Escuridão, e utilizam muito a única coisa que pode sobrepujá-lo: a luz. Inclusive, alguns soldados surgem apenas para isso, carregando lanternas de extrema potência para cobrir toda a área possível e enfraquece-lo para que os soldados de combate direto façam sua parte. Falar mais estraga a surpresa e a emoção do final, então, sigamos para outros itens. 
JOGABILIDADE

Ambos os jogos utilizam o mesmo sistema de tiro em primeira pessoa, porém, o segundo possui fatores mais fluídos e fáceis de serem acessados. É tudo mais rápido. Quanto ao sistema de tiro, é plenamente possível passar o jogo utilizando apenas desse recurso, considerando o modo como a engine do jogo é bem desenvolvida. Os poderes da Escuridão são muito bem trabalhados, contendo tanto golpes diretos através dos tentáculos, quanto mais de dez tipos de execuções diferentes. Sim, é melhor que Mortal Kombat. Junto do pacote de poderes obscuros, vem os Darklings, criaturas baseadas nos Gremlins, porém sádicas e carnívoras. Dessa vez, eles conversam com o jogador, fazem piadas e chegam a cantar em certos momentos. A clássica armadura do personagem também está presente nesse jogo, realçando ainda mais o visual macabro que ele possui. 
EXTRAS


O jogo contém dois modos, a história normal, e o extra com os Vendettas. Os Vendettas são um grupo de mercenários contratados por Jack Estacado para missões particulares. Esse modo foi realizado para se jogar online, com quatro personagens: Inugami, um espadachim e busca de vingança por sua família assassinada pela Irmandade; Shoshanna, uma agente secreta que caça a Irmandade; Jimmy Wilson, um escocês caçador e JP Dumond, médico de New Orleans que voltou-se à prática do voodoo para salvar seus pacientes. Todos possuem relíquias forjadas pela Escuridão, e o modo história focado neles acaba levando-os à busca por um novo artefato que está nas mãos da Irmandade: a Lança do Destino, sendo orientados por Johnny Powell, estudioso sobre ocultismo que trabalha para Jack. Conclusão O universo particular da Top Cow é formado por Treze Artefatos, sendo quatro deles (Darkness, Angelus, Witchblade e Lança do Destino) muito bem desenvolvidos ao longo dos anos de publicação. Os outros nove, foram criados apenas para “encher lingüiça” numa saga envolvendo toda a editora, e que redefiniu sua cronologia. Ao longo do jogo, possuímos referências dos quatro Artefatos principais, deixando uma sequencia totalmente encaminhada. Darkness pode não ser o jogo perfeito, mas tal como o lendário Arkham City, faz o máximo, honra os Quadrinhos e fornece aos players a verdadeira sensação de estar dentro da história. 

 Nota: 10,0
- We must embrace the darkness.

1 comentários:

  1. Jackie como sempre muito foda, não é a toa que é meu personagem favorito da Top Cow (depois da witchblade). Só pelos trailers já posso dizer que gostei demais da sequência. Provavelmente será muito melhor do que o primeiro.. e eu farei o possível para jogá-lo *__*

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