24.12.11

"A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1" é um filme confuso com furos em seu roteiro, nem a evolução dos protagonistas salva a série

A saga Crepúsculo
AMANHECER
parte 1

A primeira parte da conclusão da "Saga Crepúsculo"(The Twilight Saga, 2008-2012) encontra-se atualmente no meio de sua temporada de exibição nos cinemas brasileiros. É, demorou um pouco, mas finalmente poderei dar minha opinião sobre o quarto filme da confusa e bulinada série.
Geralmente eu inicio minhas críticas com um resumo básico da história da obra, entretanto, não sei como fazer o mesmo com este filme em específico. O que acontece é que Edward Cullen(Robert Pattinson) e Bella Swan(Kristen Stewart) se casam, passam a lua-de-mel no Brasil, transam, e Bella fica grávida. Eu diria que a história do filme é mais ou menos isso. Não sei dizer exatamente porque os pontos enfasados pelo roteiro furado não são bem determinados. Em uma parte da história, o filme é sobre uma jovem que vai se casar com um vampiro e eles vão passar sua lua-de-mel no Brasil. Em outra parte, é sobre um grupo de Lobisomens que querem matar Bella. O primeiro ato do filme e metade do segundo não focam nada, você não tem como ter certeza do que se trata a história. A menos que você tenha lido o livro, o que não é o meu caso. Se você leu o livro, você vai saber que só na segunda metade do segundo ato, Bella vai estar grávida e esse é o foco do enredo: Estar grávida de um vampiro. Isso foi um erro dos roteiristas(talvez até da própria Stephanie Meyer em seu livro) pois a possibilidade de Bella engravidar não é nem sequer mencionada até ela descobrir que está. Portanto, o filme parece ser só um amontoado de cenas sem história sobre um casal qualquer que transa e quebra a cama até a possibilidade de uma gravidez ser cogitada. Falar na crítica que Bella engravida poderia ser até um spoiler, mas, eles mostram no trailer, então não é. Além disso, o próprio trailer pareceu extremamente dividido, metade do trailer dizia que a história giraria em torno de um casamento, a outra metade de uma gravidez. No filme em si, o casamento é pouco enfasado. A divisão dos três atos é bastante óbvia, o primeiro mostra o casamento, o segundo a lua-de-mel e o terceiro, a gravidez. Só que como não temos uma referência sobre a gravidez nos dois primeiros, não sabemos que a gravidez que virá a acontecer basicamente no terceiro é o foco da história. Mas o diretor, Bill Condon, e a equipe de montagem sabe, então os dois primeiros atos recebem pouca a atenção e parecem passar apressados durante a projeção. Já quando chega o terceiro, o filme parece nunca acabar.
No elenco, quem se destaca mais de certo é Kristen Stewart. Mais madura e mais bonita, Stewart não faz feio seu papel e decide levar a série um pouco mais a sério(mesmo que não adiante muita coisa) mostrando que é sim uma boa atriz. Robert Pattinson também evoluiu, representa o vampiro não-tão-purpurinado-assim de forma ligeiramente melhor, estando não tão inexpressivo quanto costumava, mas ainda não é um bom ator. Taylor Lautner é o grande fraco do elenco, quando não está fazendo cara de bravo, está totalmente inexpressivo ou soltando risadas que não convencem o público - provavelmente vai convencer as fanáticas da série. Jacob Black também revela-se mais inútil do que nunca na trama do filme, ele só serve para afastar os outros cães em certa cena; o que talvez tenha sido até um defeito, já que pode ter custado uma cena de ação que talvez impedisse o espectador atencioso de dormir durante o filme. Billy Burke, que interpreta Charlie Swan, pai de Bella, está carismático como sempre e é um dos poucos pontos positivos do filme. Infelizmente é outro personagem descartável para a história. A química de Kristen Stewart com Robert Pattinson está um pouco mais forte, sim, mesmo a atuação dela sendo muito superior à dele, mas ainda não passa o exemplo de um casal ideal.
Você deve estar se perguntando porque chamei Edward de "vampiro não-tão-purpurinado-assim", eis a explicação: A mitologia de Crepúsculo apresenta os vampiros como seres pálidos, gelados e que brilham à luz do sol. Porém, há várias cenas diurnas no longa, e nenhum vampiro brilha. Não sei se há uma explicação para isso no livro de Stephanie Meyer, mas no filme não há, portanto é um super-furo no roteiro.
A trilha sonora original de Carter Burwell está presente de forma exageradamente dramática, sendo um dos fatores que deve contribuir pro tédio que o espectador sente durante o longa. Créditos devem ser dados à equipe de maquiagem de "Amanhecer", que fizeram um excelente trabalho com a aparência de Bella quando grávida, parecendo realmente uma pessoa desprovida de seus nutrientes, é inimaginável ver alguém que você gosta desse jeito.
O filme acaba provando-se em sua falta de foco algo muito vazio. Ele começa de um jeito estranhamente apressado, e segue sem um rumo certo na história, e então de repente encontra um caminho e foca demais em tal assunto. Acaba não parecendo um filme, mas o piloto de um seriado mal feito, ou algo do tipo. Não é um filme completo. Sim, ainda tem uma segunda parte por vir, entretanto, "Harry Potter e as Relíquias da Morte"(Harry Potter and the Deathly Hallows, 2010-2011) foi dividido em duas partes e ainda sim, a primeira parte prova-se algo completo. A conclusão do filme dá muito destaque ao parto de Bella, tudo que vem depois disso ocorre de maneira rápida e apressada, e você fica pensando "Já acabou?". Falta foco, falta atenção, falta respeito e falta um começo, meio e fim sólidos neste quarto capítulo de Crepúsculo. O filme inicia como se já estivesse no meio, como se faltasse alguma coisa, e segue a história em um grande vácuo.
Os efeitos especiais, ainda que estejam muito melhores do que os do primeiro filme, ainda são mal trabalhados. Os "lobisomens" não são bem feitos o suficiente para te convencer que não passam de cachorros digitais fofinhos.
Conclusão Final: Algumas evoluções no elenco e uma ótima maquiagem não são o suficiente pra fazer "A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1"(The Twilight Saga: Breaking Dawn - Part 1) deixar de ser um filme ruim e extremamente chato devido à sua falta de ênfase, música tediosa, personagens descartáveis e um clímax confuso. Se for assistir a este filme, não cometa o mesmo erro que eu cometi, vá com uma namorada. Ver sozinho é se submeter à tortura cinematográfica.

Nota: 3.0

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