Segunda parte da análise da série de Frank Miller, que trouxe o Morcego
novamente ao posto mais alto. Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight
Returns) é considerada por muitos a melhor história do Cruzado de Capa,
por outros a segunda melhor, sempre numa rivalidade extrema com outro
clássico
indiscutível chamado “Ano Um”. Cavaleiro das Trevas nos apresenta um
Batman
envelhecido, e fora de sua forma física ideal, mas que mantém o mesmo
objetivo
de seu juramento aos oito anos de idade: a justiça. Complementando ao
roteiro, a arte pontual de Klaus Janson não decepciona, e assim como
Mazuchelli em "Ano Um", consegue nos fazer "sentir" a cidade de Gotham,
como se ela fosse de fato uma criatura viva gritando por ajuda. O texto a seguir contém spoilers.
Parte 1: " http://blasterlizard.blogspot.com/2011/12/batman-cavaleiro-das-trevas-analise-da.html "
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Carrie Kelly, a nova Robin! |
O segundo capítulo inicia com uma transmissão de noticiário.
Toda a saga conta com um acompanhamento da mídia, este bem elaborado, em pontos
chave a história. O sistema judicial de Gotham declara que um vigilante
mascarado não é necessário, e além, é uma MÁ influência para as crianças.
Batman não é o que Gotham precisa, mas o que Gotham merece. “Não se sabe quais
as obras do Batman, e quem ele inspirou”. Por mais que a cidade estivesse
mergulhada no caos, havia um controle da população, e um padrão. A policia
fazia sua parte, como fosse possível. A presença do Batman cria um sistema anárquico,
uma vez que o próprio Cruzado de Capa age por conta própria e ignora as leis
criadas pela sociedade. Porém, o controle parece mesmo ter desaparecido, e a
anarquia é apenas sobrepujada pelo medo. Gordon é chamado de cachorro em rede
municipal por revidar contra um assaltante armado. Ele tinha dezessete anos, e
a culpa, o clamor por justiça cai sobre os ombros do comissário. É citado que
não se sabe quem o retorno do Batman influenciará, quando na verdade a
principal influência apresentada na série já ocorreu: Carrie, a jovem da
primeira HQ, veste-se de Robin e encoraja-se a ajudar o Morcego a combater o
crime na cidade. Ela é inexperiente, e já é adiantado que suas ações durante a
série nem de longe lembrarão as grandes fases de Dick Grayson ou Tim Drake,
mas, ela cumpre o papel que lhe é dado: ser a escudeira.
Batman atira contra um criminoso e salva um bebê em seguida. |
Batman segue brutal. Suas sequencias de ação estão muito
mais intensas nessa HQ. Pistas o levam à um golpe aplicado pelos Mutantes, ao
assaltar um apartamento. Lá, não é possível ver Bruce nem ao menos pestanejar
no momento onde viu que puxar um gatilho resolveria o problema. A troca de
vidas, no caso, a de um criminoso pela de uma criança poderia ser realizada sem
problemas; ao menos é a sensação que temos ao ver a cena. De todas as formas é
realmente chocante presenciar o Cruzado empunhando uma metralhadora. “Um
vigilante monstruoso e sem piedade”, assim Batman é descrito na mídia. Seu retorno
aparentemente parece trazer mais mal do que bem, uma vez que a própria
sociedade não mais o apóia. Dez anos atrás, mesmo que de um modo conturbado, as
pessoas viam Batman como parte da cidade. Em suas palavras, “eu sou Gotham City”,
e nas palavras de seu povo, “um monstro”. O fato é que, nessa série vemos o
Batman agir como um monstro sem piedade, principalmente na seguinte cena de
interrogatório. Mas... é mesmo necessário ter piedade com um assassino que
mataria um inocente sem ao menos pensar numa segunda opção? Os direitos humanos
valem até mesmo para quem não demonstra o menor traço de humanidade? Carrie entra em ação pela primeira vez ao impedir um
assalto. Ela é inexperiente, e essa evidência é clara. A cena muda, e páginas depois,
Batman segue rumo ao líder dos Mutantes. Essa cena também trás uma certa
nostalgia nos dias atuais, por dois motivos. O primeiro é que Bruce lembra de
Dick, e que ele quem deu o nome de “Batmóvel” ao clássico veículo. O segundo, perceptível
apenas aos que assistiram “Batman Begins”, é que essa versão do Batmóvel que
inspirou o Tumbler. É citado que a fuselagem modificada do veículo seria
atravessada apenas por algo “de outro mundo”, numa clara referência à um certo
Homem de Aço.
O líder Mutante |
Finalmente, o primeiro ponto fraco da HQ. O líder dos
Mutantes teve um lado muito positivo, e outro muito negativo. O positivo
funciona apenas se Frank Miller tiver pensado filosóficamente ao criá-lo. O
cara mora no lixão, e isso representaria um panorama reverso a Wayne, homem
mais rico da cidade. O negativo é que, ele é apenas músculos. Não tem controle
direto sobre seus capangas, não é estratégico... na primeira vista, para apenas
um personagem jogado ao acaso para causar impacto, como se ele representasse a
podridão em que Gotham estava imersa. Ele é repugnante, e realmente é nojento
querer imaginar como seria sua aparência num live action, o fedor exalado
quando se chega perto. O que costuma sobrar
em covardia nos vilões, transborda em honra e coragem nos heróis. E dessa
forma, Batman deixa sua carruagem negra e parte para um combate direto. Bastaria
esmaga-lo com o Tumbler e todos os problemas seriam resolvidos. Temos a introdução
de um monólogo desde o início da cena, onde Bruce aparentemente conversa com
Dick, em sua mente. Como uma lembrança dos princípios que ambos juraram
proteger. O terror que o Líder Mutante trouxe a Gotham pode ser comparado à
Anarquia do Morcego. Ele é traduzido como um mal não-humano, como algo além do
que já sonharam. Como citado antes, o Mutante é “apenas músculos”, mas, são músculos
demais. A perda de aptidão por conta da idade é sentida com força nessa
sequencia. Vemos Batman ser derrotado, caindo diante do oponente literalmente
sujo. Seus golpes não tem a precisão de outrora, e não são o suficiente para
encarar alguém no ápice físico. Nota-se que um Robin faz falta, e muita. Aliás,
esse é um dos grandes pontos da HQ. Carrie Kelly, a jovem que inspirada no
Batman veste-se de Robin e combate assaltos segue o rastro de Bruce, e à
espreita, ataca o Mutante antes que o golpe final pudesse ser realizado. “Você
tem sorte que eu esteja sempre por perto para salvar a sua pele”, a frase
clássica de Dick é repetida na mente de Bruce enquanto Kelly o salva. Uma
granada de gás lacrimogêneo depois, e a tempestade se acalma. Com o auxilio de
Alfred, a nova Robin leva Bruce ao Tumbler, e seguem à Batcaverna. Os Mutantes
pareciam ser a tempestade sobre Gotham, quando na verdade eram apenas a
primeira brisa, à quilômetros do olho do furacão. Uma página externa ao combate
com os Mutantes nos dá pistas incrédulas, e a sensação de que as coisas apenas
piorarão para o Homem-Morcego.
" O inimigo agora é outro. " |
Seu tratamento rápido com Alfred é realizado, e
agora Bruce se vê obrigado a usar um exoesqueleto reforçado abaixo do uniforme,
ajudando na sustentação do corpo e na precisão ao golpear. O líder Mutante foi
preso e enjaulado, porém, como um bom vilão, escapa e volta ao seu lar. Essa parte
não necessita de muitos detalhes, apenas a eminência de que o Morcego terá sua
revanche. Ela chega na noite seguinte, e de uma forma extremamente brutal. O
Batman contido do ultimo confronto desaparece, e a luta não chega a ser
disputada. Sequencias rápidas de golpes extremamente pesados, e o Mutante cai
sem delongas. O grande impacto do fim dessa luta vem pela conseqüência. Grande parte
dos seguidores, membros dos Mutantes, curvam-se ao Batman. É iniciado o exército dos "Filhos do Morcego".
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Parte 3: Em breve.
Excelente!
ResponderExcluirAdoro o Batman e pelo seu post eu acabei vendo coisas que eu nem sabia. E olha que eu me achava entendedora do personagem haha.
Continue o bom trabalho! ;*
E a propósito, eu prefiro Ano um.
ResponderExcluirArrasou na análise!
ResponderExcluirPassou bem o clima da HQ. Foi exatamente esse contexto que você passou, Ninja.
Só pra não perder a viajem! Quem adorou a Cavaleiro das Trevas, Fique longe da continuação meia-boca. Não tem nada de importante e nem chega aos pés da original (palavras de um bat-fã-maniaco-por quadrinhos).