22.12.11

"Missão: Impossível - Protocolo Fantasma" é o melhor e mais impossível filme da consagrada franquia

MISSÃO: IMPOSSÍVEL
PROTOCOLO FANTASMA

A franquia de espionagem inspirada na série de TV que teve início com o excelente "Missão: Impossível" (Mission: Impossible, 1996) se consagrou nas telas do cinema e seu primeiro longa pode já até ser chamado de um clássico moderno. A série cresceu sendo guiada pelas mãos de mestres, tendo até passado pelas mãos de John Woo, mesmo que em seu capítulo mais fraco. Agora Brad Bird, conhecido por ter trabalhado na direção de ótimas animações da Pixar, como "Os Incríveis"(The Incredibles, 2004) e "Ratatouille"(Ratatouille, 2007), assume o volante de M:I e consegue nos entregar o melhor filme da franquia.
Neste longa, Ethan Hunt(Tom Cruise) é chamado para uma missão em que precisa invadir o Kremlin após uma fracassada tentativa de sua nova equipe de recuperar códigos de lançamento de mísseis russos que, se lançados, iniciarão guerra nuclear. Entretanto, a equipe de Hunt se vê numa armação quando o Kremlin é bombardeado e a culpa cai sobre eles. O presidente então inicia o Protocolo Fantasma, renegando toda a IMF. Agora, Hunt e sua equipe precisam se virar com equipamentos escassos para encontrar os códigos de lançamento e impedir guerra nuclear entre os EUA e a Rússia.
A história tem tanto potencial quanto a do primeiro longa da série, e é guiada de maneira excelente, principalmente o modo como nos leva às alucinantes cenas de ação deste quarto capítulo. Um dos pontos que diferencia este M:I dos anteriores é a melhor distribuição dos personagens enfocados. Enquanto os três filmes anteriores pareciam ser muito sobre Ethan Hunt, este longa distribue melhor a importância de cada personagem da equipe de Ethan. É o típico filme em que não temos apenas um protagonista, mas um grupo de protagonistas. Como podem ver, o poster principal do filme mostra o elenco principal completo, enquanto os cartazes principais de seus antecessores mostravam apenas Tom Cruise de perfil. Sendo melhor dividido assim, o filme dá mais espaço aos outros atores para mostrarem seu talento e carisma. Outra diferença é que o vilão não é tão enfocado neste, o filme deixa claro quem pretende lançar os mísseis, porém enfatiza muito mais os próprios mísseis como vilões. O objetivo é apenas impedi-los de serem lançados, sem maiores preocupações. Já que entrei no assunto, comecemos analisando o elenco que interpreta a nova equipe do sr. Hunt: Jeremy Renner, Simon Pegg e Paula Patton. Houveram rumores de que o personagem de Jeremy Renner, Brandt, seria um substituto para Ethan ou algo do tipo, mas devo alertá-los que não passa de rumores. Brandt acaba na equipe por acaso e mostra-se um ótimo parceiro, revelando ao longo do filme exímias habilidades de combate que guiam muitas sequências de ação. O carismático Jeremy Renner representa o personagem de maneira digna, conquistando rápido o público. Simon Pegg faz parte do humor do filme, que é mais presente do que nos anteriores. Brad Bird acrescenta um tom mais cômico neste longa, com piadas leves e divertidas, quebrando um pouco a tensão da série. A belíssima Paula Patton, ainda que não seja tão carismática quanto os outros três nomes, faz bem seu papel como Jane, ainda mais em cenas mais dramáticas - A atriz mostra saber se expressar bem nesse tipo de cena sem parecer forçada. Michael Nyqvist, o Mikael Blomkvist da versão sueca de "Os Homens Que Não Amavam As Mulheres"(The Girl With the Dragon Tattoo, 2009), faz Hendricks, o vilão que pretende liberar os mísseis e iniciar guerra nuclear. Nyqvist aparece bem pouco - e envelhecido - no filme, não tendo muito espaço para mostrar seu talento(já provado nas adaptações suecas da trilogia literária de Stieg Larsson).
Bird mostra em M:I-PF que não faz bonito apenas em animações e sabe como tirar o fôlego do espectador em um filme de ação. O filme é mais ousado do que os anteriores em todos os aspectos. Cenas de ação mais bem filmadas(esqueça os exagerados slowmotions de John Woo em M:I-2, aqui a ação acontece de maneira rápida) e em momentos mais impropícios, equipamentos totalmente novos, situações mais apertadas... Em resumo, este "Missão: Impossível" é o filme que mais faz jus ao título "Impossível". O ótimo Michael Giacchino retorna para a trilha sonora da franquia, que já passou pelos aclamados Danny Elfman e Hans Zimmer, e compõe para o filme uma das melhores trilhas musicais da franquia, estando lado a lado com a de Elfman para o primeiro longa. A trilha é excelente, explorando mais o tema principal da série(pãm, pãm, pãm-pãm-pãm, pãm, pãm-pãm-pãm, pãm...) em instrumentos diferenciados e tons menores para adequá-lo à determinadas cenas. A relação entre os integrantes do time de Ethan Hunt é bem mostrada durante os três atos no filme, os personagens prosseguem conhecendo melhor uns aos outros junto com o desenvolvimento da história, e isso é muito importante num filme com um grupo de protagonistas. Outro ponto que deve ser comentado é que as cenas de ação são bastante diferenciadas e igualmente satisfatórias, assim, por mais que aconteçam consecutivamente algumas vezes, não se tornam cansativas. Temos tiroteio, luta, perseguição de carro(Com direito à tempestade de areia também), perseguição à pé, fuga de prisão, Tom Cruise escalando o Burj Khalifa... Tudo bastante diferenciado. Cenas investigativas também são bem abordadas, extração de informação e etc. Bird consegue guiar tensão e humor leve em perfeita sintonia, garantindo diversão até mesmo nesse tipo de cena(destaque para Jeremy Renner se alongando para pular).
Devido à excelente divisão dos atos do filme, ao mesmo tempo em que tudo parece estar bem junto, você sabe exatamente onde é o começo, o meio e o fim. Você está preparado para a conclusão quando ela está chegando, não é o tipo de filme que simplesmente acaba e você ainda acha que vai ter mais. Ao final do longa também há duas curtas participações de atores dos filmes anteriores, e um perfeito exemplo de união com a equipe de Hunt. O filme acaba se tornando muito carismático em conta disso, o time espião é retratado quase como uma família.
Uma sequência? M:I-PF não tem muita cara de um fechamento para a série, e com o sucesso que o filme vem conseguindo em críticas e público, sem contar a fama da franquia, é de se esperar que possamos ver Ethan Hunt novamente nas telas do cinema em breve.
Conclusão Final: "Missão: Impossível - Protocolo Fantasma"(Mission: Impossible - Ghost Protocol, 2011) faz jus ao nome que a franquia carrega desde sua primeira fita e acaba por ser o melhor da série e um dos melhores filmes de ação de 2011. A fórmula para isso é apenas uma história sólida o suficiente para sustentar o filme inteiro sem se desviar do foco, bons e carismáticos atores, personagens bem construídos, uma trilha sonora que não pára de evoluir, tecnologia e um ótimo diretor que acaba de provar que quem guia os super-heróis de vermelho e os ratos cozinheiros também pode fazer Tom Cruise escalar a torre mais alta do mundo e sair ileso.

Nota: 9.8

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