17.5.12

Max Payne 3 Retrata de forma não mais do que real o lado do Brasil que se passa fora das Favelas.


CRÍTICA com spoilers
MAX PAYNE 3
PS: AS IMAGENS MOSTRADAS NA CRÍTICA SÃO DE DATAS BEM DISTINTAS UMA DAS OUTRAS, ENTÃO MUDANÇAS DE GRÁFICO ESTÃO PRESENTES.

Bem, pois é, demorou mais saiu. Max Payne 3, que tinha sua primeira data prevista de lançamento para o inverno de 2009 foi adiado somente para 3 anos depois, e eu, pelo menos, concordo com isto, pois ajudou e muito a Rockstar Games a melhorar bastante o motor gráfico do jogo, que é o RAGE (Rockstar Advanced Game Engine), ou para os mais íntimos, o Euphoria, da empresa NaturalMotion. A Rockstar tem verdadeiro amor pela NaturalMotion por ter adotado fielmente esta Engine como a padrão quando na verdade ela não é sua por direito (a Rockstar usa a mesma engine em seus jogos desde 2008, somente melhorando-a, conforme os jogos GTA 4, Red Dead Redemption, GTA The Lost and Damned, GTA The Ballad of Gay Tony e agora por último Max Payne 3 foram lançando).

Percebemos muito bem as melhorias dos gráficos ao comparar GTA 4 e Max Payne 3, mas da mesma forma, percebemos também suas semelhanças, aliás, nenhuma engine vai mudar por completo, você pode até achar a Frostbite 2.0 (engine de Battlefield 3) melhor que a Frostbite (engine de Battlefield: Bad Company 1 e 2) mas da mesma forma você consegue visualizar nitidamente suas semelhanças mais comuns.

My name is Max... Max Payne
Enfim, voltando ao papo de Max Payne 3, mas ainda não abordando sobre o jogo. Quando a empresa oficial responsável por produzir os títulos Max Payne abandonaram a série, Rockstar a assumiu com gosto, e bote gosto nisso, trazendo um trabalho não menos que magnífico para nós fãs deste belíssimo trabalho que antes era de Remedy Entertainment. Muitos dos fãs acharam que a Rockstar Games (acostumada com jogos de ação frenéticos) não conseguiriam lidar com um jogo altamente melancólico, perturbador e depressivo de que se trata a verdadeira auto-estima de Max e seu real alter-ego.

Bem, essa afirmação só foi mais reforçada quando os americanos souberam que o jogo iria se passar no Brasil (sim galera, pra quem ficou desde 2009 desinformado sobre o jogo, nosso bonitão ex-policial Max (James McCaffrey) dá uma livre passada em São Paulo, Piratininga e Bahia durante o jogo) por se tratar de um país muito movimentado e alegre, muitas garotas bonitas, porém ninguém havia se tocado do seu verdadeiro motivo de fugir para cá, e era exatamente por toda essa alegria que o Brasil foi sua opção, por querer tentar fugir de seu passado atormentador e da lembrança da morte de sua mulher e filha que ficou presa na cabeça do último Payne em Nova Yorque.

Sim, porém São Paulo não era o que ele esperava que fosse, com a esperança de encontrar um lugar melhor e começar a trabalhar como segurança, já que quando ele perdeu sua família, ele adoeceu na bebida e no uso de calmantes o que o deixou meio pirado e louco da cabeça, fazendo com que fosse despedido da polícia. Até então tudo bem, ele foi contratado como segurança por Rodrigo Branco, pai de uma família rica brasileira , juntamente com outro cara, brasileiro no caso, mas que sabe falar inglês americano, para defender sua filha Fabiana Branco, que estava sendo ameaçada por gangues brasileiras, em troca do dinheiro do pai. Claro que Max não se sentiu nenhum pouco confortável com a situação já que a razão de sua esposa e filha terem sido mortas foram por conta do dinheiro que Max deixou de ter para pagar a máfia que queria destruí-lo.

Opa... Me disseram que era aqui que a Record iria gravar o Fashion Week da Comunidade... Será que é aqui mesmo?
Isto fez as lembranças de MP voltarem ainda mais intensas, deixando-o completamente incapacitado de trabalhar, porém quando Rodrigo Branco também é sequestrado, ele se nega a falhar novamente, principalmente quando Rodrigo confiou tanto nele para cumprir tal missão, e ele parte para a luta, sem os requisitos para sobreviver no campo de batalha que é São Paulo (em uma das partes do jogo, Max comenta a brutalidade dos bandidos e compara a polícia de Nova Yorque como 'pacifistas' perto da policia paulista).

Porém este é o mínimo da história, no decorrer do jogo Max percebe com clareza que existe algo a mais do que apenas bandidos na história, pois aquilo não encaixava na história, e fazia menos sentido ainda. E ao perceber que existe um infiltrado entre seus amigos (menciono os amigos de Rodrigo Branco) Max começa a ver que o governo, os políticos e a polícia corrupta também estão afim do dinheiro e interferem para obtê-lo. Policiais brasileiros como algo que eu posso dizer ser pior que a ROTA ou o BOPE são palco para a desgraça tanto na guerrilha entre gangues e a polícia nas favelas como nos bairros nobres e lugares bem comuns de SP, como a Terminal da Paz, ou 13 de Maio ou infinitos outros lugares bastante conhecidos na cidade.

A história lembra bem o filme Tropa de Elite não? Lembra sim, tanto que muito tempo antes das informações principais do jogo terem sido reveladas o site da Rockstar fez uma breve critica de como amou o filme 'Elite Squad' (a versão americana de Tropa de Elite, é o mesmo filme, porém o nome foi 'americanizado') e foi apartir dele que se inspirou para a história de Max.

O que três anos a mais não conseguem fazer com um belo jogo como este huh?
O jogo é inteiro contado como se fosse em formato de HQ, assim como em Max Payne 1 e The Fall of Max Payne, porém, neste jogo a Rockstar coloca uma interatividade envolvendo Quick Time Events (é a primeira vez que vejo isso em um jogo da Rockstar Games e simplismente eu adorei), também a própria jogabilidade, em cenas slow-motion onde você vê o trajeto da bala (não digo o Bullet Time de Max, mas sim cenas slow-motion mesmo) e o efeito dela no corpo humano dos inimigos e também envolvendo o próprio motor gráfico.

Eu, ao ver o jogo pela primeira vez, comparei ele muito com Kane & Linch 2 Dog Days, por conta do gráfico do jogo ter sido coberto por detalhes impressionantes de uma camêra amadora, porém em Max Payne 3 é coberto como se fosse uma TV antiga (calma, calma isso é somente nas cutscenes e em quantidade bem escassa e quase imperceptível), mas no caso de MP3, os efeitos não foram feitos para cobrir defeitos do jogo e sim para dar aquele ar de podridão, de pobreza do espírito de Max Payne, aliás, este é o momento mais difícil e diabólico de sua vida.

O jogo é muito bem rodado e sua arte gráfica é magnífica dando uma impressão estranha de que estamos jogando um filme (algo que na minha opinião conseguiu ficar melhor do que Uncharted 3: Drake's Deception) pois a transição de cenas é simplismente espetacular, havendo horas, por exemplo, que Max está em um helicóptero e um dos bandidos tenta acertá-lo com uma bazuca, e na violência do impulso da evasiva do helicóptero, Max cai, parando em um dos pés do helicóptero, onde isso se transforma em uma pequena cutscene, depois voltando ao jogo normalmente, quando max se enrosca no pé do helicóptero e começa a atirar de ponta cabeça a pelo menos uns 150 metros do chão. Outra transição muito bacana é a de Max atirando contra um inimigo escorregando do telhado, onde ele atira enquanto derrapa, caindo sobre uma piscina logo depois, pulando em cima da garota para protegê-la. Mais uma cena é a de Rodrigo Branco, encapuzado, saindo correndo desesperado e espancando Max, fazendo-o cair no chão e tendo que logo em seguida, defender o desesperado contra um monte de bandidos da área usando o bullet-time (tempo fica em câmera lenta, IGUALZINHO o matrix, mas lógicamente Max não possuí a agilidade de Neo para desviar das balas).

Depois de The Fall of Max Payne... Vem The Rise of Max Payne
A velhice de Max Payne mais como um afeto ao seu desespero e desgasto devido a idade é bem mostrada durante o jogo, sua aparência, suas rugas e o mais bacana, seus vários 'eus' como uma pessoa de diversas personalidades. No jogo há momentos que você joga novo, na época de Max Payne 2 e Max Payne 1 como se fossem flashbacks, onde você volta a vestir aquele velho e surrado sobretudo batalhando sobre os telhados de NYC. Agora, nos momentos aqui no Brasil, Max aparece barbudo, careca, cabelo liso, cabelo enrolado, de cavanhaque, só de barba, só de bigode, sem nada e sem cabelo, sem nada e com cabelo, ou vice versa. Suas aparências são muitas e suas vestes são bem coloridas, como as de Tommy Vercentti em Vice City (Grand Theft Auto). Isso é mostrado o tempo inteiro no jogo, suas épocas, datas e por que o corte de seu cabelo mudou, como mudou e que fato deu para ele querer mudá-lo. E como Max tem diversos cortes diferentes, dá a impressão que ele passou bastante tempo no Brasil, e é verdade, ele passou realmente bastante tempo, e todo este tempo está desgastando muito suas forças e seus limites, que também é mostrado também, uma hora que Max leva um tiro no braço, e mal consegue andar e lutar por isso, transformando o palco do capítulo em uma verdadeira batalha pela sobrevivência.

A trilha-sonora do jogo ficou uma beleza, não posso reclamar, pois o jogo pegou todo o tema brasileiro do pagode e samba e conseguiu mixar no tema desesperado e tenso de Max Payne em seus tempos nos Estados Unidos. Isto ficou tão perfeito que a Rockstar Games se negou a trocar o tema principal de Max, mas o modificou por inteiro, e o resultado conseguiu ser ainda mais 'catastroficamente intenso' para os sentimentos de Max, ao mergulhar em uma cena de ação, com esta obra musical de fundo.

Ainda sim, esse jogo possui defeitos grotescos, não em sua engine, apesar dos bugs causados pela Euphoria naturalmente, mas sim que a Rockstar surge com uma idéia preconceituosa quanto as falas dos brasileiros, mostrando mais palavrões em uma frase do que palavras decentes. Claro que isso se deve ao fato de uma imagem que o próprio Brasil passa para o exterior, portanto, não posso criticar isso de forma ruim, pois ninguém no filme Tropa de Elite, Cidade de Deus ou Cidade dos Homens sabe falar sem chingar todo mundo descontroladamente.

Mesmo o roteiro ser um pouco ridículo neste contexto, no sentido de dublagem ele é perfeito, trazendo finalmente um português original nativo brasileiro, sem uma pitada de Portugal ou um espanhol babaca. Max Payne 3 soube dublar muito bem os diálogos e não faltou capricho por parte da empresa em detalhar os brasileiros e o ambiente, que não se resume a favelas de jeito nenhum. Trazendo um ambiente vasto e muito bonito e detalhado, assim como nos outros dois jogos da série.

NÃO AGORA É SÉRIO Rockstar, obrigado mesmo pelo atraso porque depois desse abuso que vocês deram no Euphoria, vocês acabaram com o pobre coitado do Niko.
Quanto a jogabilidade, ela é bem simples, remete mesmo a um jogo de tiro em terceira pessoa, com controles bem básicos, apenas resumidos em pegar cobertura, se abaixar, mirar, atirar, bullet-time e se curar, além do botão de ação Y (para Xbox) e Triângulo (para Playstation 3). O jogo não muda nisso, o que é triste, pois o jogo é passado o tempo inteiro na idéia de atirar e atirar, e é somente isso, claro que para muitos, é o necessário e acabou, mas Max era um segurança e toda a história se envolve em torno de um sequestro, a Rockstar Games disponibiliza dicas e muitas pistas durante o game sobre revistas que você pode checar, fotos para analizar, marcas de sangue ao melhor estilo N.A Noire, mas não mixaram isto junto ao game de forma correta, o tornando mais envolvente e desafiador.

Mas é claro, para os mais experts nos games, ao zerar no Hard, o jogo ainda disponibiliza mais outras duas dificuldades que é a HARDCORE e a OLD SCHOOL (quero ver você zerar nesta negão) que são altamente desafiadoras e acabam deixando o jogo mais chatinho pois você vai morrer diversas vezes, mas, para mim é o melhor de tudo, por que quanto mais horas de jogo necessárias para bater um jogo, é melhor. Afinal, nem todo mundo tem 200 reais para sair gastando ai feito papel não é verdade? Nisto a Rockstar acertou muito bem.

Quanto ao final (relaxe, a crítica tem spoilers, mas nem tanto assim, não irei contar o final) ele é bem envolvente. Mostra o fim do jogo como uma espécie de continuação bem positiva, OU negativa, tudo dependendo de como você considerar seu futuro, de qualquer jeito, se houver uma continuação, muito provavelmente vai ser no Brasil também, e em uma cidade muito mais bacana para explorar do que São Paulo (para os que sabem que eu estou falando, já vão começar a fazer piadinhas com Tropa de Elite outra vez, mas tudo bem, eu também fiz quando me dei conta hahaha!)

NOTA: ● ● ●  (4/5) - Ótimo
Magnífico, em minha opinião, o melhor jogo de 2012 até agora.

2 comentários:

  1. meus parabéns, uma boa avaliação, até para mim que não compreendo sobre motores gráficos, achei ótimo as comparações, e também as boas criticas ao jogo, pois você não puxou a sardinha total para o lado do game, fazendo transparecer a ideia de que max paine 3 é o mais foda do ano, foi algo mais profundo e detalhado, adorei, continue assim... =D

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  2. Obrigado Fábio, espero tê-lo agradado com a crítica, continuarei tentando oferecer o melhor para meus leitores, espero receber mais críticas suas Fábio. Muito obrigado, valeu!

    Ps: Vi que você havia pedido o Download do Skyrim outra vez, pois bem, disponibilizei 3 downloads no site até agora: do Skyrim, do Amnesia e o do Limbo, e estarei fazendo o mesmo com Max Payne assim que puder.

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