15.7.12

"Tinha dois caras no hospício..."

"Olá, eu vim conversar. Estive pensando muito ultimamente. Pensando em você... E em mim. Sobre o que vai acontecer com a gente no fim. Vamos matar um ao outro, não? Talvez você me mate, talvez eu te mate. Talvez mais cedo, talvez mais tarde."

GABRIEL A. PEREIRA apresenta
A PIADA MORTAL

"A Piada Mortal", escrita pelo falastrão de merda quando o assunto são adaptações e prelúdios, mas gênio quando escrevendo um roteiro; Alan Moore (conhecido por obras-de-arte como "V de Vingança" e "Watchmen") com arte de Brian Bolland, foi lançada em 1988, um ano antes do primeiro filme do Homem-Morcego surgir, e foi uma das maiores inspirações para o longa-metragem de Tim Burton. Hoje, a graphic novel é considerada um dos maiores clássicos de Batman, juntando-se à "Ano Um" e "O Cavaleiro das Trevas", ambas de Frank Miller, quando ele ainda tava bom da cabeça.

O enredo de "A Piada Mortal" é simples, sendo sua filosofia o maior atrativo da obra. A HQ nos apresenta a um Batman já cansado de combater o mastermind do crime Coringa, e se dispondo a levar uma calma conversa com o Palhaço do Crime sobre seus devidos destinos. Entretanto, Batman descobre que o Coringa, mais uma vez, escapou do Asilo Arkham e capturou o Comissário Gordon. Agora, Batman precisa deter seu arqui-inimigo antes que o mesmo passe dos limites com suas cruéis atrocidades.

Já aviso que, ao contrário da minha resenha de "Ano Um", não pretendo fazer dessa postagem uma muito extensa, já que "A Piada Mortal" é uma história curta e prefiro evitar spoilers. O roteiro de Alan Moore intercala a trama principal com uma paralela, que aos poucos revela-se como um prelúdio que complementará o desenvolvimento e entendimento do leitor sobre os dois personagens principais, principalmente o antagonista.

A história definitivamente muda TODOS os personagens apresentados nela em seus psicológicos, e é basicamente sobre isso que a filosofia da obra se trata; psicologia. Falando sobre os limites do homem comum e o que o separa de cair no abismo escuro da insanidade, essa é uma poderosa HQ capaz até mesmo de mudar ideias, ou plantá-las. É nessa filosofia que o confronto moral entre Batman e Coringa se estabelece, enquanto um tenta provar para o outro que enlouquecer é a melhor saída para qualquer problema, o outro se defende com uma couraça racional e uma mente sólida que nem mesmo barganha.

Esse é o ponto mais interessante do Batman, o quão forte ele é. Não apenas fisicamente, mas o modo como sua mente aguenta manter-se fixada na racionalidade e no que é certo (o Batman calejado que vemos nos últimos minutos do longa "O Cavaleiro das Trevas"), mesmo sabendo que extrapolar seria fácil demais. É isso um dos principais fatores (entre vários outros) que fazem do Cruzado de Capa um personagem tão magnífico e único.

A arte de Brian Bolland é bastante detalhosa e se faz notar com o excelente trabalho do desenhista em sombras e expressões, além da impecável divisão dos quadrinhos que, somada às narrações de quadro, me fizeram imaginar um filme com trilha sonora e tudo quando chega o momento do confronto final. Esse é um dos grandes poderes desta eficiente obra-de-arte, ela te joga dentro daquele universo sombrio à nível de vivenciamento. Agora, já não posso comentar sobre a coloração da graphic novel, pois a edição que possuo é completamente em preto e branco.

Bom, como eu disse, resenha curta. Isso é tudo que eu tenho pra falar sobre "A Piada Mortal", minha graphic novel preferida do Cavaleiro das Trevas. Essa história prova que enredos complexos são totalmente dispensáveis quando se quer fazer algo que interesse e penetre a cabeça das pessoas. Afinal, o que temos aqui? Fuga do asilo, sequestro do policial e dois loucos se surrando até um final sugestivo. Básico! Ah e, aliás, vão se acostumando com as críticas de Batman recebendo nota máxima por aqui.

Nota: 10,0

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