"Por que caímos, Bruce? Para aprendermos a nos levantar!"
GABRIEL A. PEREIRA apresenta
O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE
Normalmente, eu teria feito essa crítica logo depois de ter chegado da sessão de pré-estreia do filme, nesta quinta-feira (26.07.12), mas eu preferi escrever após ver o filme mais uma vez. Enfim, talvez tenha alguns spoilers aqui, não vou ter certeza até terminar de escrever, foda-se.
Oito anos se passaram desde que Batman (Christian Bale) assumiu a culpa pelos crimes de Harvey Dent (Aaron Eckhart), tornando-se o maior foragido da polícia de Gotham City, e desapareceu. Nesse tempo, uma paz se estabeleceu, mas está prestes a ser quebrada por um novo líder-terrorista: Bane (Tom Hardy). Forçado a sair de seu exílio, o Batman ressurge para combater este novo mal e no caminho se depara com uma habilidosa e sedutora ladra chamada Selina Kyle (Anne Hathaway).
O filme aplica de uma forma muito mais legal do que eu esperava o conceito do exílio, não apenas ao Batman, mas ao próprio Bruce Wayne em relação ao mundo. Também é bem mostrado o quanto Gotham mudou desde que os problemas do Coringa se foram, porém, ao mesmo tempo, não deixa de ficar evidente que os fatos ocorridos em "O Cavaleiro das Trevas" ainda assombram algumas pessoas.
A história do filme é diretamente ligada com a de "Batman Begins" (o velho clichê "segredos do primeiro filme virão a ser revelados no terceiro"), e carrega em seu desenvolvimento alguns aspectos citados em "O Cavaleiro das Trevas", então, é bom ver os dois filmes anteriores antes de conferir este. Não entenda mal, o novo filme do Morcegão não é nem um pouco dependente, mas é maneiro ver os outros para assemelhar melhor alguns fatos, à nível de curiosidade. Isso mostra também o quão ligada esta trilogia é, afinal, há várias trilogias por aí em que cada os três filmes mais parecem um filme solo, e não parte de algo maior.
No elenco, Tom Hardy rouba boa parte da cena com o seu Bane. Não tira o brilho de Christian Bale como Batman, mas se destaca diante dos demais coadjunvantes. O trabalho de Hardy em expressar suas emoções apenas pelo olhar e pela fala é excelente, e por mais que alguns críticos americanos (ou pelo menos Catherine "Gostosa" Reitman) tenham reclamado que mesmo após a redublagem, Bane continuava difícil de se entender, devo dizer que eu entendi cada palavra do Homem Mascarado sem ler as legendas. Qualé, americanos? Não reconhecem mais o inglês só por uma mudança no sotaque e um efeito abafador?
Só para terminar o assunto do Mercenário, acrescento que Bane é a maior ameaça que Gotham já enfrentou e definitivamente o meu vilão preferido da Era Nolan. Eu amo o Coringa de Heath Ledger, sim, mas o Bane de Tom Hardy conseguiu superá-lo para mim.
Mulher-Gato, Anne Hathaway. Anne Hathaway, Mulher-Gato. Escolha improvável de Nolan? Muitos acharam isso quando a mocinha de "O Diabo Veste Prada" foi anunciada como a Feline Fatale de Batman. Não ousei duvidar da escolha de Nolan, afinal, todos sabemos que foi o mesmo blá blá blá quando ele botou Heath Ledger pra ser o Coringa. E o resultado não foi desapontante. Na verdade, até me surpreendi um pouco com a Gata de Hathaway. Compará-la com a de Michelle Pfeiffer é inútil, afinal, são duas interpretações completamente diferentes. Pfeiffer uniu a sensualidade de Selina Kyle à bipolaridade e quase insanidade, enquanto Hathaway é mais uma ladra profissional que usa sua beleza como arma - ou distração.
Vendo por esse lado, sim, Anne Hathaway foi uma Mulher-Gato muito mais próxima dos quadrinhos, e confirmei ao ver o longa pela segunda vez, que ela é a Gata definitiva dos cinemas, e quando as pessoas falarem "Mulher-Gato" para mim, é de Anne Hathaway que vou lembrar. A química entre Hathaway com Bale é simplesmente perfeita, e o script favorece confrontos verbais irônicos entre os dois personagens, principalmente quando estão sem suas máscaras, estruturando o que virá a ser [spoiler on] uma nova paixão para o Batman. E olha, a Mulher-Gato fica bem fofinha com ciumes! [spoiler off]
Christian Bale ressurge (oh, os meus trocadilhos ótimos) como ele mesmo Batman/Bruce Wayne, e entrega o que é de longe sua melhor atuação na franquia do Cavaleiro das Trevas. Dessa vez, é dado bastante foco à Bruce Wayne e seus transtornos (alguns bastante ousados da parte de Jonathan Nolan), mas quando o Cruzado de Capa aparece, ele é o dono da cena. O lado lúdico e místico do personagem que era destaque em "Batman Begins", mas que fora perdido em sua sequência, é recuperado aqui - assim como outros aspectos, como as famosas teatralidade e ilusão como armas de distração para o Homem-Morcego.
Michael Caine, mesmo não aparecendo tanto nesta fita quanto nas anteriores, também faz o seu melhor aqui. Não só a atuação, mas a relevância de seu personagem, Alfred, é um dos fatores mais essenciais para o desenvolvimento do contexto ao redor do protagonista e do próprio. O roteiro de Jonathan impõe para Bruce e Alfred situações (ousadas, novamente) emocionalmente conflituosas.
O comissário Gordon não rouba tanto a cena quanto fez no longa anterior, mas esse é um detalhe do enredo, não na atuação de Gary Oldman, que permanece ótima. Em vez de Gordon, o policial da hora é John Blake (Joseph Gordon-Levitt), um novato idealista que só cresce no filme. Digamos que se as mentes de Batman, Gordon e Harvey Dent fossem jogadas em alguma máquina doida que juntasse as coisas, John Blake sairia dali. E acaba que Blake é uma bela referência (ou até o próprio) a um famoso personagem dos quadrinhos de Batman. Se você acompanha as HQs, sabe de que pássaro eu estou falando.
Epa! Já ia esquecendo em falar sobre o tema do filme: a dor. Explorada através da destruição, não é apenas a dor física que recebe ênfase (apesar de que, acredite, ela é muito presente), mas a dor da alma, a dor psicológica. E como toda dor, ela deve ser superada para que seu objetivo seja alcançado, e é aí que entra a parte do "Rises", a parte de "Ascender".
Christopher Nolan finalmente encontrou neste filme a verdadeira essência de uma empolgante cena de luta. Não só uma, né, o combate está presente por todo o filme, e em momento nenhum se torna cansativo. Sequências de guerra, de tiro, explosão, massavéio e o caralho todo, também acontecem com muito mais frequência. Esse é de fato o primeiro filme de Chris Nolan que pode ser incluído no gênero de ação, e um dos poucos bons da atualidade. Eu escrevi bons ali atrás? Ótimos, eu quis dizer.
A trilha sonora, dessa vez composta por Hans Zimmer sozinho, faz o mesmo trabalho que o próprio filme, pegando os melhores elementos de suas composições anteriores e juntando com uma nova identidade. Até mesmo o famoso canto escrito para a nova fita tem uma função um pouco diferente do que todo mundo pensava. Temos também uma reprise de "Molossus", tema principal de "Batman Begins". A mixagem de som se destaca nas lutas, nas porradas e tudo mais, afinal, como eu disse antes, estas aparecem muito mais do que antes.
"O Cavaleiro das Trevas Ressurge" é grandioso, e a perfeita conclusão para a lenda do Cavaleiro das Trevas. Christopher Nolan prova mais uma vez que é um dos melhores cineastas da atualidade, e faz Batman entrar para a história das maiores trilogias de todos os tempos ao lado de "Star Wars", "O Senhor dos Anéis", "O Poderoso Chefão", entre outras. Para mim, este é o melhor filme da série.
Nota: 10,0
Concordo plenamente com cada palavra sua, mas ainda acho que com certeza a bola da vez foi para o Bale neste filme. Acredito que para qualquer um que tenha assistido ao filme e prestou bastante atenção nele, ficou muito mais entusiasmado quando era o Bale que aparecia na telona. Ele roubou muito a cena e com certeza é o meu vilão preferido, vencendo até mesmo de Loki, mesmo não tendo um humor por trás do personagem.
ResponderExcluirEu ia fazer uma segunda crítica, mas, o que tu escreveu diz perfeitamente o que penso do filme. Rises, simplesmente um filme épico e monumental.
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