4.7.12

Análise - O Longo Dia Das Bruxas


Originalmente escrita como uma minissérie em 13 partes em 1996, a história O Longo Dia Das Bruxas (The Long Halloween) é considerada por muitos outra das grandes obras primas escritas sobre Batman. Com a arte de Tim Sale e os roteiros de Jeph Loeb (conhecido por ter escrito outras obras de qualidade duvidosa, mas com tendências a fazer um ótimo trabalho quando realiza parcerias com Sale), serviu fortemente de inspiração para o aclamado Cavaleiro das Trevas de Nolan, bem como Batman Begins.




Na história, passada no início da carreira de Batman (aproximadamente 6 meses após os eventos de Batman: Ano Um), inicia-se uma série de assassinatos de importantes membros da máfia, mas com uma peculiaridade: todos assassinatos são cometidos nos feriados, sendo que o autor do crime sempre deixa no local um objeto relacionado com a data em questão. Ao mesmo tempo as tensões aumentam entre as duas maiores famílias mafiosas de Gotham, as famílias Falcone e Maroni. Este é justamente um dos grandes diferenciais da obra e também sua dose de realismo: conferir um maior destaque não aos tradicionais super-vilões, mas sim às organizações criminosas e um possível serial-killer. 



Um dos pontos de destaque é o desenvolvimento de Selina Kyle, a Mulher-Gato. Mais do que servir apenas como interesse romântico do Homem-Morcego, suas atitudes de moral controversas acabam sendo em parte motivados por certas ligações pessoais com a máfia, ligação esta que é mais explorada em uma das continuações da história, Mulher-Gato: Cidade Eterna (lançada recentemente em um encadernado pela Panini). Mas talvez o maior destaque de um personagem secundário da obra seja o promotor público Harvey Dent. Engajado no combate ao crime organizado, às custas de seu tempo com família e amigos, acaba tornando-se um dos principais aliados de Batman juntamente com Jim Gordon. Contudo, sendo Gotham a cidade corrupta e perigosa que é, esquemas resultam no acidente que não só deformou sua aparência mas também sua mente e caráter, transformando-o no vilão Duas-Caras.




A elogiada arte de Tim Sale se encaixa perfeitamente na proposta do enredo, representando uma cidade fria e com um clima que remete ao noir. Em especial, as páginas em preto-e-branco que ressaltam em cores apenas um elemento são espetaculares.

A trama se desenrola de maneira instigante e inteligente, apesar das pistas fornecidas ao leitor serem insuficientes para desvendar o mistério antes de sua conclusão. Uma das principais críticas à obra foi o fato de ter utilizado vários vilões da galeria de inimigos do Batman de forma secundária e superficial, contudo, acredito que foi uma maneira de incorporar outros elementos próprios da mitologia do Morcego à história, bem como uma forma de retratar Gotham como uma cidade que tem que lidar com os mais diversos tipos de criminosos. O fim, com algumas pontas soltas, abre espaço à algumas diferentes interpretações e à uma outra continuação relacionada: Vitória Sombria


- Laís

3 comentários:

  1. Infelizmente, ainda não pude ler "O Longo Dia das Bruxas", mas anseio por isso.
    Enquanto isso, tenho aqui "Mulher-Gato: Cidade Eterna", de autoria da mesma dupla, e irei lê-la e publicar minha opinião em breve!

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  2. Cidade Eterna tem uma relação muito forte com esse clássico O Longo Dia Das Bruxas. Tem até referência à essa obra no game Arkham City, quando falamos com o Homem-Calendário jogando com a Mulher-Gato :)

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  3. Oh, such a smart ass I am, nunca pensei em ir falar com o Homem-Calendário com a Gatinha.

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