23.3.12

"Jogos Vorazes" e a sobrevivência à mídia...

Eu vou pular direto pro título, ok? Não sei como introduzir esta crítica. Mas a fila tava do cacete.


EL AMANTE FELINO apresenta
JOGOS VORAZES


"Jogos Vorazes" se passa num futuro onde as guerras e o caos levaram a sociedade à decadência, e o mundo se dividiu em treze Distritos. Anualmente, um jovem casal de cada Distrito é selecionado para participar de uma gincana escolar chamada Os Jogos Vorazes. Apenas uma pessoa deve voltar vencedora para casa... E viva. A trama acompanha Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence), que se voluntaria a participar dos Jogos Vorazes para impedir que sua irmã mais nova seja a escolhida. Qualé, vocês viram isso no trailer, folks. Junto com Katniss, é escolhido Peeta Mellark (o quase-Homem-Aranha Josh Hutcherson), e todo mundo já sabe o que acontece daí. Principalmente quem leu o livro de Suzanne Collins. Eu devo ter lido umas três páginas.

O filme logo estabelece o clímax de seu contexto: Sobrevivência. Desde antes a "Colheita" acontecer, já é apresentado o quanto os cidadãos do Distrito 12 têm uma árdua vida e precisam batalhar para conseguir um simples pão. E sobrevivência inclui treinamento, inclui caça. E é esse o tipo de personagem que Katniss Everdeen é, uma garota meiga na carne, mas forte tanto fisicamente quanto psicológicamente. Entretanto, para toda força, existe fraqueza, e para toda coragem existe desespero. Jennifer Lawrence retrata isso em Katniss de forma não menos que perfeita - se você já entrou em desespero alguma vez, vai acabar se identificando com isso. Quando você conhece Katniss Everdeen, você vê uma menina segura e corajosa, e é de se acreditar que ela tenha confiança no que sabe fazer, mas as circunstâncias surgem e revelam detalhes dos quais não teríamos conhecimento se não fosse pelo perigo.

Katniss é imposta à situação em que você acha que conhece a você mesmo, se acha preparado e seguro, mas quando se depara com o verdadeiro perigo e com o sofrimento, percebe que não está com a bola toda. A química da fofa Lawrence com Josh Hutcherson começa fraca, sendo a conexão da atriz com Lenny Kravitz mais forte do que com o co-protagonista, mas, a coisa vai evoluindo ao longo da projeção, e a relação dos personagens se torna mais aceitável. Não há, basicamente, nenhum personagem inútil na trama, mas devo dizer que alguns poderiam ter sido muito melhor utilizados. Como Cato (Alexander Ludwig), por exemplo.

Os visuais são lindos, e é curioso como o filme estabelece a enorme diferença entre o Distrito 12 e a Capital, visualmente. É mais do que notável a diferença entre pobreza e riqueza. Enquanto o Distrito 12 se assemelha em muito à algumas partes do mundo real atual (assim como seus cidadãos), a Capital é algo explendidamente lindo. Ela impõe as regras ao povo mais simples, ao povo que para eles, é fácil de manipular. Acontece que Os Jogos Vorazes são apenas um reality show de matança que, além de controlado pela Capital, é usado para controlar a sociedade. Encare Os Jogos Vorazes como um Big Brother em um futuro não tão distante, e a Capital, como a mídia. Nós seríamos os Distritos - sendo alguns mais pobres, outros mais ricos e especiais. Tá bom, se Big Brother fosse como Os Jogos Vorazes, eu assistiria. É, eu sou sádico.

Os figurinos são bastante variados, e a diferença entre cidadãos da Capital e do Distrito 12 é, novamente, enorme - mais uma ênfase ao fator "pobreza vs. riqueza". Quando vi a Lady Gaga Effie Trinket (Elizabeth Banks) no trailer do filme, pensei que suas roupas extravagantes seriam um charme próprio da personagem, mas acabou que todos os moradores da Capital se vestem de modo chamativo e colorido. É, ultimamente nós temos caminhado para esse caminho também. Por favor, não me inclua neste "nós".

Os efeitos especiais são práticos em grande parte, o que acaba tornando o CGI estranho quando aparece, principalmente quando usado para simular fogo. A filmagem segue um estilo bastante movimentado, raramente a câmera é usada de forma mais fixa. Cai bem no filme, mas atrapalha em algumas cenas de ação. A selva que serve de cenário para os Jogos é perfeita; com suas árvores compridas, parece bastante claustrofóbica nas áreas mais aborizadas, entretanto, em espaços abertos, o perigo passa a ser justamente a exposição. A dinâmica entre estas duas formas de perigo é bem trabalhada, mas obviamente não são as únicas.

A trilha sonora original de T-Bone Burnett e James Newton Howard é intensa e dá o clima ideal ao filme, mas é desprovida de uma música tema marcante - e vocês sabem que eu amo músicas temas! Ainda sim, o trabalho dos dois compositores é digno e essencial em muitos momentos. A mixagem de som é interessante por não tentar exagerar, dispensando sons muito genéricos de lâminas e esse tipo de coisa, o que combina com o estilo movimentado da filmagem, passando um tom mais real ao espectador.

No início, achei que o marketing apoiado no sucesso de "Harry Potter"" e "A Saga Crepúsculo" poderia acabar com o público deste filme, mas eu estava muito enganado. "Jogos Vorazes" é um ótimo filme, e provavelmente o meu segundo preferido sobre sobrevivência e desespero, perdendo apenas para o perfeito, insuperável e divino "O Predador". Espero que venham logo as sequências, pois esta é uma saga que terei imenso prazer em acompanhar. "Jogos Vorazes" é DO CARALHO e eu compraria em Blu-ray. Eu até admito que este filme quase me fez chorar, mais do que "Gigantes de Aço", e provavelmente teria, se no final Katniss e Peeta realmente tivessem se--

Nota: 9.7

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