Por LEÃO VALENTE
Treze, um número “maldito” para uns. Existem prédios que
pulam o décimo terceiro andar, deixando uma plataforma vazia para conter o
azar. Competições como a Formula 1 excluem o carro de número treze, pulando do
doze ao quatorze. Na décima terceira edição de “Batman”, tivemos um breve
aperitivo dos dias sombrios iniciados pelo azar do número que carrega em sua
capa.
Meses atrás Scott Snyder disse ao mundo que sua nova saga
nas HQs do Batman focando no retorno do Coringa acarretariam na maior história
do Coringa dos últimos tempos. De fato, desde “Asilo Arkham” de Grant Morrison
e “Coringa” de Azzarelo, o palhaço que assombra Gotham recebeu um destaque
pobre, e em algumas vezes maçante com aparições simples e despretenciosas. Houveram questionamentos e motivações a cerca do que Snyder
propôs, e enquanto alguns citavam que sua obra seria comparável à “Piada Mortal”,
outros diziam que não passaria de violência sem compromisso. Ainda não concluo
nenhuma das opções, mas, a primeira edição que serve de prólogo para a “Morte
da Família” obteve notas máximas nos principais sites relacionados a quadrinhos
nos Estados Unidos, dentre eles Comicvine, CBR e Newsarama. Francamente, após acabar a leitura da esperada edição,
apenas falei fria e calmamante: “puta que pariu.” Tudo o que foi dito, todas as
promessas e todo o clima tenso nos teasers dessa saga eram reais. Há tempos,
acredito que desde a Piada Mortal eu não vejo o Coringa numa versão tão
caótica. O que Snyder trouxe nas páginas de Batman #13 me fez lembrar como se a
memória fosse um projetor cinematográfico no escritório, de momentos onde o
Coringa “nasceu” pelas mãos do Batman, de sua icônica frase sobre a Carta
Coringa em “Batman: R.I.P.”, e de tudo que Heath Ledger demonstrou em The Dark
Knight.
Já não era segredo como seria o visual desse novo Coringa,
uma vez que desenhos vazaram da DC nos revelando a sua nova face. Recapitulando,
em “Detective Comics #1”, o vilão Dollmaker arrancou a pele do rosto do Coringa,
e a partir daí, ele não foi mais visto, sendo dado como desaparecido. O que
parecia apenas uma cena chocante para muitos, foi usado de forma maestral por
Snyder.
A edição treze, curiosamente, se inicia com o Comissário
Gordon falando sobre presságios de azar. A partir daí, a cena é cortada para
dentro do Departamento Policial, onde as luzes se apagam e o palhaço surge contando
suas piadas. Essas poucas páginas no Departamento Policial com certeza poderiam
compor um pequeno filme de terror. É exaltado o medo e o suspense, enquanto o
Coringa ataca um a um os oficiais comandados por Gordon. A única uz vem da
lanterna do Comissário, e dos disparos alheios e sem sorte. Pescoços são quebrados
enquanto a piada do Coringa é contada, sendo encerrada quando ele retoma o que
queria: seu rosto. No instante seguinte, Batman aparece, mas já é tarde para
que qualquer coisa possa ser feita. O Coringa voltou, e com ele, um circo
recheado de atrações macabras.
A edição também conta com páginas adicionais co-escritas por
James Tynion IV, narrando uma história complementar focada na Arlequina, e sua
reação ao reencontrar o “Senhor C.” Ressalto o clima depressivo que essas
curtas páginas demonstram, com uma intensidade tão grande que quase permite à
Harley deixar suas lágrimas escaparem através das páginas.
Em relação à arte, tanto de Greg Capullo (com arte final de
Jonathan Gaplion e cores de FCO Plascencia) na história regular quanto de Sal
Cipriano na complementar, embasam perfeitamente o clima de suspense criado a
cada página. Os traços e o estilo visionário de traçar expressões e movimento
fazem com que Capullo seja cada vez mais querido pelos admiradores do Morcego e
da boa arte. Capullo e Snyder, sem dúvidas, fazem uma dupla perfeita para as
HQs do Morcego.
A Morte da Família começou, e com ela, a segunda saga que
coloca Scott Snyder entre os maiores escritores da DC Comics que já trabalharam
com o eterno Cavaleiro Negro de Gotham.
Nota: 10
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