Eu nunca pensei que fosse falar, escrever ou digitar isso, mas "Batman: O Cavaleiro das Trevas" acaba de encontrar um adversário à altura.
EL AMANTE FELINO apresenta
OS VINGADORES
A crítica pode conter spoilers.
Pois é, pessoal, podem ter passado seis anos de preparamento, mas o mega-crossover cinematográfico, produção mais ousada da história da Marvel Studios e definitivamente filme mais esperado do ano finalmente está aqui. Quando "Homem de Ferro" (Iron Man, 2008) e "O Incrível Hulk" (The Incredible Hulk, 2008) lançaram, a Marvel deu um grande passo - uma grande iniciativa. Uma iniciativa que, se desse certo, não seria apenas um enorme marco para a empresa, mas para a história do cinema. E deu certo. E eu estava lá, na pré-estreia, ansioso como uma criança na véspera de Natal, aguardando para ver o primeiro filme a unir super-heróis completamente distintos num novo contexto. Um sonho se tornando realidade.
Na história de "Os Vingadores" (The Avengers, 2012), o asgardiano Loki (Tom Hiddleston) declara guerra à humanidade, planejando tomar e governar a Terra. Para tal, o Deus da Trapaça se alia a um exército Chitauri que em troca, pede o artefato mágico conhecido como Tesseract, detentor de energia ilimitada. O diretor da SHIELD, Nick Fury (Samuel L. Jackson), monta uma equipe para caçar Loki e recuperar o Tesseract, constituída pelo Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Hulk (Mark Ruffalo), Thor (Chris Hemsworth), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), que juntos, adotam o nome de Os Vingadores.
Comparei "Os Vingadores" à "O Cavaleiro das Trevas" ali em cima pois, além do segundo ser a melhor adaptação de quadrinhos de todos os tempos, ambos os filmes realmente tem algumas semelhanças. O longa da super-equipe começa com um prólogo introduzindo o vilão Loki ao enredo, e poupa apresentações desnecessárias de personagens - já tivemos cinco filmes pra isso. O que a fita se foca em apresentar e montar é o contexto de uma iminente guerra e da formação de uma equipe. Para isso, desentendimentos e confrontos ocorrem, e isso resulta em algo que todo nerd tetudo sonha em ver nas telas de um cinema.
Como seria uma luta entre Homem de Ferro, Thor e Capitão América? Quem venceria entre Hulk e Thor? Pois é, essas cenas acontecem e as batalhas são muito bem dirigidas pelo mais que competente Joss Whedon, além de bem encaixadas na história pelo excelente roteiro do mesmo. Entre todos os filmes que já vi com grupos de protagonistas, este é o que melhor divide o protagonismo entre seus personagens. Whedon sabe exatamente quem enfasar no tempo certo e como, e você logo percebe que o filme é totalmente diferente dos filmes solo de qualquer um dos heróis apresentados.
Poderia acontecer de "Os Vingadores" acabar sendo um amontoado de vários elementos dos prelúdios de cada herói, mas não é. O crossover pega somente detalhes necessários dos prólogos e então cria por si próprio sua identidade. Joss Whedon, que já havia provado seu talento com esse tipo de enredo nos quadrinhos que roteirizou, acerta em cheio neste ponto.
Todos os personagens estão mais maduros agora, mais experientes e desenvolvidos. Tony Stark aparece com mais inovações em sua tecnologia, Capitão América com novas formas de combate e instinto de liderança, Hulk mais furioso, Thor já não é mais arrogante e exibido, e Loki está infinitamente mais vilanesco e maléfico. Assim como os personagens, seus atores também evoluíram; Chris Evans já havia convencido no filme solo do Capitão América, porém neste longa, o ator surge muito mais à vontade no papel, com um Steve Rogers mais sério e centrado. Mark Ruffalo, que entra no lugar de Edward Norton como Bruce Banner, trabalha muito bem em cima do que Norton o deixou.
Banner parece mais perturbado, Ruffalo compõe sua tensão com detalhes físicos mínimos - mas elementares - como a postura do personagem, o olhar confuso, modo de falar e a tonalidade de voz. E desta vez, o Hulk não é apenas uma animação em CGI, ele foi construído a partir dos famosos trajes de captura de movimento, o que significa que Mark Ruffalo é o primeiro ator a realmente interpretar o Incrível Hulk nos cinemas, e ele o faz em perfeita forma, seja em expressões faciais ou combates e movimentação. Somando a ótima atuação de Ruffalo com a sensação muito mais real que é passada pelo monstro do novo filme, temos um Hulk completo.
Tom Hiddleston é outro que mostra estar mais confortável no seu papel, o Deus da Trapaça. Loki está mais poderoso, e logo, mais confiante, e sua obsessão por algo que possa governar, algo de que possa ser rei, só cresce. Ele não só precisa ordenar, ele precisa ser visto no poder. Ele quer fama, e está disposto a fazer tudo por tal.
Scarlett Johansson tem mais espaço para sua Viúva Negra agora, apresentada em "Homem de Ferro 2" (Iron Man 2, 2010), e usa tal espaço adequadamente. A personagem é mais aprofundada, é criado um maior afeto do espectador por Natasha Romanoff, e Scarlett abraça essa expansão e a toma para si, fazendo de Romanoff uma mulher muito mais sentimental do que a espiã fria mostrada no filme de Jon Favreau, porém, de um jeito que não comprometa seu foco em trabalho.
Juntamente com a Viúva está o Gavião Arqueiro, interpretado por Jeremy Renner, astro de "Missão: Impossível - Protocolo Fantasma" (Mission: Impossible - Ghost Protocol, 2011), e ao contrário do que se esperava, ele é tão importante para o filme quanto qualquer outro Vingador. Suas habilidades são mostradas e impressionam a todo momento, e também rendem algumas boas piadas. O humor, por sinal, é bem presente e muito eficiente, dando uma boa quebra em momentos tensos do filme, ainda que sem fazê-lo parecer satírico demais, sendo este mais um detalhe que complementa e muito a diversão proporcionada durante a projeção da fita.
O roteiro de Whedon favorece bastante os confrontos, sejam estes dentro da equipe ou contra os vilões. Há discordância entre os heróis, que não estão propriamente acostumados com o trabalho em equipe, ainda mais entre, como o próprio Loki diz, criaturas tão perdidas. Afinal, temos um playboy egocêntrico, um deus sensibilizado pelo fato de seu irmão ser o vilão, um monstro verde e furioso, um soldado fora de época e dois dos maiores espiões do mundo. Diria eu que isso é um time bastante... desequilibrado. Acontece que todo desequilíbrio pode encontrar equilíbrio, mesmo que tome tempo, e isso vem aos nossos heróis com experiência, desenvolvimento e incentivo. Além da movimentação, a fita é bastante dinâmica até nos diálogos, e em momento algum se torna cansativa. Joss Whedon tem pouquíssima experiência como diretor de cinema, e ainda sim entrega não só a melhor direção da série "Vingadores" como também o melhor roteiro.
Loki se defronta com cada um dos protagonistas, de diferentes maneiras, e o clássico "bem vs. mal" não poderia ser melhor retratado. Há lutas empolgantes, debates idealistas, provocações, ironia, etc. O filme dispensa alguns clichês como interesses românticos, ou uma batalha final específica contra o vilão, e acaba se tornando muito mais imprevisível do que se podia esperar.
A trilha sonora do experiente Alan Silvestri é digna, e de longe a melhor de todos os filmes da "franquia". As composições são épicas e heróicas, em alguns momentos chegam a lembrar o trabalho do compositor para "O Juiz" (Judge Dredd) - que também foi ótimo - como o tempo e a relatividade no aumento de tonalidade. A mixagem de som é uma das melhores utilizadas ultimamente, sendo bastante notável em qualidade principalmente no controle de volume de acordo com a proximidade do que origina o som. Há uma cena, por exemplo, em que o Homem de Ferro passa voando por perto da câmera e se distancia, com alguns defeitos nos repulsores de voo, e eu basicamente me senti dentro do filme apenas devido à excelência da mixagem de som. Sons marcantes não faltam - o escudo do Capitão América, o martelo de Thor, os repulsores do Homem de Ferro, os gritos do Hulk, etc.
Os efeitos especiais são minuciosamente perfeitos. As máquinas do exército dos Chitauri farão Michael Bay chorar quando assistir ao filme, e o resto vai fazer qualquer outro chorar. O 3D, porém, é quase imperceptível. É uma pena, pois há inúmeros momentos no longa em que efeitos 3D bem utilizados cairiam muito bem.
"Os Vingadores" (The Avengers, 2012) é recheado de ação, conflitos, dinâmica, humor, ótimas atuações, história promissora e expande definitivamente o universo da Marvel nos cinemas. É um épico completo, um verdadeiro épico, que provavelmente vai entrar em quase todas as listas de melhores filmes de 2012 ao final do ano e com certeza já está em primeiro lugar nos melhores da Marvel. Este filme é a bota que vai pisar em cima da formiga de qualquer um que tenha tido sequer uma expectativa negativa em relação à ele. Arriscado dizer, mas é um filme perfeito.
Nota: 10,0
Comparei "Os Vingadores" à "O Cavaleiro das Trevas" ali em cima pois, além do segundo ser a melhor adaptação de quadrinhos de todos os tempos, ambos os filmes realmente tem algumas semelhanças. O longa da super-equipe começa com um prólogo introduzindo o vilão Loki ao enredo, e poupa apresentações desnecessárias de personagens - já tivemos cinco filmes pra isso. O que a fita se foca em apresentar e montar é o contexto de uma iminente guerra e da formação de uma equipe. Para isso, desentendimentos e confrontos ocorrem, e isso resulta em algo que todo nerd tetudo sonha em ver nas telas de um cinema.
Como seria uma luta entre Homem de Ferro, Thor e Capitão América? Quem venceria entre Hulk e Thor? Pois é, essas cenas acontecem e as batalhas são muito bem dirigidas pelo mais que competente Joss Whedon, além de bem encaixadas na história pelo excelente roteiro do mesmo. Entre todos os filmes que já vi com grupos de protagonistas, este é o que melhor divide o protagonismo entre seus personagens. Whedon sabe exatamente quem enfasar no tempo certo e como, e você logo percebe que o filme é totalmente diferente dos filmes solo de qualquer um dos heróis apresentados.
Poderia acontecer de "Os Vingadores" acabar sendo um amontoado de vários elementos dos prelúdios de cada herói, mas não é. O crossover pega somente detalhes necessários dos prólogos e então cria por si próprio sua identidade. Joss Whedon, que já havia provado seu talento com esse tipo de enredo nos quadrinhos que roteirizou, acerta em cheio neste ponto.
Todos os personagens estão mais maduros agora, mais experientes e desenvolvidos. Tony Stark aparece com mais inovações em sua tecnologia, Capitão América com novas formas de combate e instinto de liderança, Hulk mais furioso, Thor já não é mais arrogante e exibido, e Loki está infinitamente mais vilanesco e maléfico. Assim como os personagens, seus atores também evoluíram; Chris Evans já havia convencido no filme solo do Capitão América, porém neste longa, o ator surge muito mais à vontade no papel, com um Steve Rogers mais sério e centrado. Mark Ruffalo, que entra no lugar de Edward Norton como Bruce Banner, trabalha muito bem em cima do que Norton o deixou.
Banner parece mais perturbado, Ruffalo compõe sua tensão com detalhes físicos mínimos - mas elementares - como a postura do personagem, o olhar confuso, modo de falar e a tonalidade de voz. E desta vez, o Hulk não é apenas uma animação em CGI, ele foi construído a partir dos famosos trajes de captura de movimento, o que significa que Mark Ruffalo é o primeiro ator a realmente interpretar o Incrível Hulk nos cinemas, e ele o faz em perfeita forma, seja em expressões faciais ou combates e movimentação. Somando a ótima atuação de Ruffalo com a sensação muito mais real que é passada pelo monstro do novo filme, temos um Hulk completo.
Tom Hiddleston é outro que mostra estar mais confortável no seu papel, o Deus da Trapaça. Loki está mais poderoso, e logo, mais confiante, e sua obsessão por algo que possa governar, algo de que possa ser rei, só cresce. Ele não só precisa ordenar, ele precisa ser visto no poder. Ele quer fama, e está disposto a fazer tudo por tal.
Scarlett Johansson tem mais espaço para sua Viúva Negra agora, apresentada em "Homem de Ferro 2" (Iron Man 2, 2010), e usa tal espaço adequadamente. A personagem é mais aprofundada, é criado um maior afeto do espectador por Natasha Romanoff, e Scarlett abraça essa expansão e a toma para si, fazendo de Romanoff uma mulher muito mais sentimental do que a espiã fria mostrada no filme de Jon Favreau, porém, de um jeito que não comprometa seu foco em trabalho.
Juntamente com a Viúva está o Gavião Arqueiro, interpretado por Jeremy Renner, astro de "Missão: Impossível - Protocolo Fantasma" (Mission: Impossible - Ghost Protocol, 2011), e ao contrário do que se esperava, ele é tão importante para o filme quanto qualquer outro Vingador. Suas habilidades são mostradas e impressionam a todo momento, e também rendem algumas boas piadas. O humor, por sinal, é bem presente e muito eficiente, dando uma boa quebra em momentos tensos do filme, ainda que sem fazê-lo parecer satírico demais, sendo este mais um detalhe que complementa e muito a diversão proporcionada durante a projeção da fita.
O roteiro de Whedon favorece bastante os confrontos, sejam estes dentro da equipe ou contra os vilões. Há discordância entre os heróis, que não estão propriamente acostumados com o trabalho em equipe, ainda mais entre, como o próprio Loki diz, criaturas tão perdidas. Afinal, temos um playboy egocêntrico, um deus sensibilizado pelo fato de seu irmão ser o vilão, um monstro verde e furioso, um soldado fora de época e dois dos maiores espiões do mundo. Diria eu que isso é um time bastante... desequilibrado. Acontece que todo desequilíbrio pode encontrar equilíbrio, mesmo que tome tempo, e isso vem aos nossos heróis com experiência, desenvolvimento e incentivo. Além da movimentação, a fita é bastante dinâmica até nos diálogos, e em momento algum se torna cansativa. Joss Whedon tem pouquíssima experiência como diretor de cinema, e ainda sim entrega não só a melhor direção da série "Vingadores" como também o melhor roteiro.
Loki se defronta com cada um dos protagonistas, de diferentes maneiras, e o clássico "bem vs. mal" não poderia ser melhor retratado. Há lutas empolgantes, debates idealistas, provocações, ironia, etc. O filme dispensa alguns clichês como interesses românticos, ou uma batalha final específica contra o vilão, e acaba se tornando muito mais imprevisível do que se podia esperar.
A trilha sonora do experiente Alan Silvestri é digna, e de longe a melhor de todos os filmes da "franquia". As composições são épicas e heróicas, em alguns momentos chegam a lembrar o trabalho do compositor para "O Juiz" (Judge Dredd) - que também foi ótimo - como o tempo e a relatividade no aumento de tonalidade. A mixagem de som é uma das melhores utilizadas ultimamente, sendo bastante notável em qualidade principalmente no controle de volume de acordo com a proximidade do que origina o som. Há uma cena, por exemplo, em que o Homem de Ferro passa voando por perto da câmera e se distancia, com alguns defeitos nos repulsores de voo, e eu basicamente me senti dentro do filme apenas devido à excelência da mixagem de som. Sons marcantes não faltam - o escudo do Capitão América, o martelo de Thor, os repulsores do Homem de Ferro, os gritos do Hulk, etc.
Os efeitos especiais são minuciosamente perfeitos. As máquinas do exército dos Chitauri farão Michael Bay chorar quando assistir ao filme, e o resto vai fazer qualquer outro chorar. O 3D, porém, é quase imperceptível. É uma pena, pois há inúmeros momentos no longa em que efeitos 3D bem utilizados cairiam muito bem.
"Os Vingadores" (The Avengers, 2012) é recheado de ação, conflitos, dinâmica, humor, ótimas atuações, história promissora e expande definitivamente o universo da Marvel nos cinemas. É um épico completo, um verdadeiro épico, que provavelmente vai entrar em quase todas as listas de melhores filmes de 2012 ao final do ano e com certeza já está em primeiro lugar nos melhores da Marvel. Este filme é a bota que vai pisar em cima da formiga de qualquer um que tenha tido sequer uma expectativa negativa em relação à ele. Arriscado dizer, mas é um filme perfeito.
Nota: 10,0