"With pleasure, M. With pleasure."
O BIELL DE BOTAS apresenta
OPERAÇÃO SKYFALL
No vigésimo terceiro longa-metragem do agente 007, a lealdade entre Bond (Daniel Craig) e M (Judi Dench) é testada quando um terrorista cibernético faz o MI6 entrar em colapso. Após uma suposta morte, Bond se vê obrigado a voltar à ativa para defender o serviço secreto e o seu país desta nova ameaça, que pode atingir padrões muito maiores do que o esperado.
O modo como o enredo desse filme é movido pelos personagens, todos essenciais e carismáticos, é um de seus grandes fortes. Vemos Bond um tanto fragilizado, lidando com alguns problemas físicos e morais causados pela falha de sua última missão; M tendo que ser mais forte do que nunca quando tudo o que a cerca parece querer jogá-la para fora do campo, Bondgirls com personalidade e ótima tensão sexual para com o protagonista (detalhe que faltou em Olga Kurylenko, do antecessor "Quantum Of Solace"), e um vilão extraordinário interpretado pelo gênio da atuação Javier Bardem.
O Silva de Bardem é engraçado, irônico, e cruel. É aquele tipo de vilão que você simplesmente ama, como Darth Vader ou Coringa, mesmo sabendo a maldade que ele representa. É um personagem criativo, diferente e com boa ligação com os protagonistas, e não duvido que o modo de Javier Bardem para interpretá-lo tenha surpreendido até mesmo a produção. Sua química com Daniel Craig é simplesmente impagável.
Craig, por sua vez, prova aqui mais do que nunca ser o melhor Bond de todos. O ator tem a mesma chance de explorar tanto a dureza quanto o charme do mulherengo agente secreto que teve em "Cassino Royale", e com as condições impostas pelo magnífico roteiro, Craig nos entrega aqui uma de suas melhores atuações como James Bond, igualando-se à de sua estreia no papel.
M tem nesse filme a participação mais importante da "trilogia Daniel Craig", e Judi Dench não poderia representá-la em melhor forma. Neste longa, nos é apresentado o lado mais pessoal de M como nunca fora antes, assim como sua relação materna com Bond e a ligação com o vilão Silva. O modo como Dench explora o aprofundamento que a trama exige na personagem rende muitas cenas emocionantes, entre elas um épico e glorioso discurso da patroa defendendo o seu departamento e seus heróis.
Novos (ou velhos?) personagens são acrescentados à franquia, como o jovem Q (Ben Winshaw), Gareth Mallory (Ralph Fiennes) e Eve Moneypenny (Naomie Harris). O roteiro abusa de ótimos e icônicos diálogos entre Bond e cada um dos coadjuvantes, sejam eles novos ou veteranos. A química entre Bond e Q, retratando a idade contra a juventude, é deveras divertida. Entre Bond e Mallory, existe uma relação de ação contra burocratismo, o homem que empunha a pistola contra o que senta na cadeira, e embora os dois personagens dividam poucas cenas juntos, é deixado claro que tal relação se tornará muito mais interessante com o tempo.
No início da primeira sequência da fita, alguns cortes estranhos mostram que Sam Mendes não está muito acostumado com filmes de ação, mas o diretor rapidamente encontra seu jeito de dirigir ótimas e empolgantes cenas. Daí em diante, o filme é extremamente bem dirigido e filmado, e por mais que Mendes faça sequências de ação muito boas, a sua direção realmente chama a atenção nas cenas mais paradas. Mendes é um diretor que tem certeza de como ele quer que tal cena seja feita, e o modo como o faz - desde as instruções do elenco ao jeito que ele usa a filmagem para guiar os diálogos conflituosos - deixa qualquer um de boca aberta.
"Skyfall" é, de todos os filmes de James Bond, o que tem a fotografia mais bela e chamativa - fotografia esta que se mostra melhor ainda em cenas de ambientação escura e/ou noturna. Os efeitos especiais são práticos em sua maioria, mas o pouco uso da computação gráfica não desaponta nem um pouco, sendo difícil distinguir cenas feitas com efeitos computadorizados das com efeitos práticos.
A trilha sonora original, de Thomas Newman, acrescenta algumas pegadas modernas e criativas, mas dá bastante ênfase aos clássicos temas de Bond. Newman é, inclusive, o compositor que melhor conseguiu empregar o tema de James Bond de maneira clássica depois que o "Bond moderno" iniciou com "007 Contra GoldenEye". O filme ainda dispõe da canção tema Skyfall, interpretada pela cantora britânica Adele e composta pela mesma com auxílio de Newman. Assim como a trilha original, Skyfall é uma das canções que melhor consegue captar o verdadeiro clima de James Bond desde o início dos filmes modernos, e a sequência de créditos iniciais que acompanha a música é definitivamente a mais bonita e criativa dos últimos filmes.
"Operação Skyfall" está no mesmo nível de "Cassino Royale", e junta-se a este na lista de melhores filmes de James Bond que já foram feitos. Cheio de ação, charme, carisma e com ótimo enredo, é um filme para assistir com atenção total. Eu sempre penso muito antes de dar uma nota máxima para qualquer filme aqui, mas "Skyfall" realmente não tem defeitos! Recomendado!
Nota: 10,0
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