Depois de 13 filmes feitos, alguém aprendeu a fazer um bom! Tudo bem que já tá meio tarde pra essa franquia, mas...
O BIELL DE BOTAS apresenta
RESIDENT EVIL 5: RETRIBUIÇÃO
Essa provavelmente vai ser a crítica mais polêmica do blog, mas vamos lá, né. "Resident Evil 5: Retribuição" (Resident Evil: Retribution) mostra Alice (Milla Jovovich) numa fuga alucinada de um simulador da Umbrella Corporation após ter sido capturada pelas forças da corporação. Enquanto isso, uma equipe de resgate composta por Luther West (Boris Kodjoe), Leon S. Kennedy (Johann Urb), Barry Burton (Kevin Durand) e uns doidos que só servem pra morrer avança para resgatá-la, com a ajuda da ex-agente da Umbrella Ada Wong (Li Bingbing).
Eu sou fã dos jogos de Resident Evil, e mesmo depois de 4 filmes ruins, Paul W.S. Anderson dá um jeito de me fazer esperar ansiosamente pelo próximo. Dessa vez, pela primeira vez na história, fui surpreendido. Em "Resident Evil 4: Recomeço" (Resident Evil: Afterlife, 2010), Anderson começou a se aproximar mais dos games em que seus filmes se baseiam, mas continuou um péssimo diretor e roteirista. Mesmo que o enredo simplista de Afterlife me agrade particularmente, as cenas de ação são horrorosamente guiadas pelo cineasta e há muitos outros detalhes que fazem daquele filme ruim, que você pode ir conferir na minha crítica do filme.
Em Retribution, Paul não abandona a proximidade dos games que alcançou em Afterlife, mas se mantém muito mais sólido com sua própria ideia e é justamente com isso que consegue estruturar o perfeito clímax de videogame do qual o filme dispõe. Se passando num simulador da Umbrella, Alice precisa avançar em etapas - "fases" - para chegar até o final, e Paul consegue, com seu roteiro e direção, explorar cada uma dessas etapas sem tornar em momento nenhum o longa repetitivo.
Alice prova nesse filme que sempre foi uma personagem com ótimo potencial, estragada pelas tentativas tolas dos longas anteriores ao quarto de torná-la algo superficial que só sabe distribuir bala, porrada e telecinese. Aqui Alice tem a chance de evoluir e tornar-se uma personagem completa, mostrando muito mais de sua personalidade, principalmente com a adição da personagem Becky, interpretada por Aryana Engineer, com quem Milla divide ótima química.
Ada Wong e Leon S. Kennedy são carismáticos, mas tem lá seus poréns. Li Bingbing não atua mal, mas definitivamente não é Ada Wong. A sensualidade e misteriosidade da personagem original dão lugar a uma forma muito tática de agir e até de falar na retratada pelo filme. Leon não aparece tão diferente dos jogos, entretanto tem mais pinta de macho aqui - ainda mais considerando a voz grave de Johann Urb - porém, esse não é o problema principal do personagem. O problema com Leon é que não sabemos absolutamente nada sobre ele (nem sobre Barry Burton), e isso acaba com qualquer chance de desenvolver o personagem, assim como atrapalha sua relação com Ada.
Jill Valentine não aparece tanto, mas Sienna Guillory faz seu dever de casa no papel da loira dominada. A atriz deixa evidente que Jill está sendo controlada através de movimentos e falas levemente robotizados, e partilha de ótima rivalidade com Milla Jovovich do início ao fim da fita, dispondo de uma excelente cena de luta entre as duas que certamente deverá ser considerada uma das melhores do ano.
Alguns detalhes incomodam; uns técnicos, como a munição quase infinita; e outros no enredo, como [spoiler] o vilão Albert Wesker supostamente bonzinho por uma causa que vai totalmente contra os princípios do personagem no jogo (ainda que eu tenha certeza de que Wesker planeja apunhalar todos pelas costas no sexto e último filme), Alice recuperando seus poderes no final, o desperdício e mau uso do ótimo personagem Luther West, e tal. [/spoiler]
Os efeitos especiais estão (FINALMENTE!!!) minuciosamente perfeitos e extasiantes, enquanto a direção controla muito melhor as cenas feitas para serem vistas em 3D; elas ainda estão presentes sim, e você pode identificar cada uma delas sim, mas são filmadas de ângulos que deixam muito menos óbvio de que aquilo foi feito pensando no 3D - e este, por sua vez, não tem nada demais. Poucos são os momentos em que os efeitos da tecnologia tridimensional se fazem notar, e quando fazem, é mais por ambientação (neve, chuva, etc) do que alguma coisa jogada na sua cara.
A trilha sonora, da dupla tomandandy, mantém a pegada eletrônica das composições do filme anterior, mas acrescenta muito mais orquestra e a emoção - no melhor estilo Daft Punk - que faltou nas músicas de Afterlife. A mixagem de som é ótima, especialmente nas empolgantes cenas de luta. O tiroteio e a ação massavéio são sublimementes dirigidos por Paul W.S. Anderson, que demonstra ter aprendido muito depois da tosca ação de Afterlife.
A fotografia é boa, e a iluminação dá uma qualidade a mais inacreditável a algumas cenas, assim como a falta desta complementa para o suspense - sim! RE: Retribution tem suspense, após três filmes se concentrando unicamente na porradaria desenfreada. Nesse quesito, Anderson também se mostra competente, criando um ótimo clima de ansiedade e aflição em cenas diurnas.
Eu nunca pensei que fosse elogiar tanto Paul W.S. Anderson numa crítica, muito menos numa de Resident Evil, mas é isso mesmo. Mesmo com seus defeitos, "Resident Evil 5: Retribuição" se torna de longe o melhor (ou único bom) da série de filmes, com ação excelente, enredo criativo e um dos melhores clímax de videogame já feitos no cinema. Eu digo que compraria "Resident Evil 5: Retribuição" em Blu-ray.
Nota: 8.4
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