Por Kelvim Valente
Dando um tempo nos estudos, fui rever a lista de HQ’s quais
tinha a leitura pendente, e dentre elas estava a nova fase do Arqueiro Verde
escrita pelo ilustre Jeff Lemire. O personagem vem de um início fraco nos Novos
52, um seriado bacana onde ele parece o Batman de verde, e aparições como
membro da Liga da Justiça da América, um lançamento promissor da DC. Lemire fez
diferença?
É, fez, e muita. A partir da décima sétima edição, parece
que estamos lendo outra HQ. Indo à resenha da edição, a nova história chamada “A
Máquina de Matar” (viva aos filmes de ação dos anos 80...) me lembrou muito o
que vimos em “A Queda de Murdock”, onde o protagonista entra num beco sem saída
onde a situação piora a cada minuto que passa. A edição se inicia com Oliver Queen
questionando sua existência, seu pensamento sobre a vida superficial que teve e
sobre tentativas falhas de corrigir sua cidade como o Arqueiro Verde. E então,
voltamos três semanas no tempo.
Emerson, quem ficou responsável pela corporação que Oliver
herdou de seu pai, Robert, perdeu a empresa, caindo num abismo financeiro. A discussão
de ambos chega a um ponto curioso, onde Emerson fala que Oliver sempre teve tudo,
e que um homem não sabe realmente o que ele é até que perca tudo. Então, quando
pensamos que uma revelação bombástica mudará os rumos do herói, Emerson é
assassinado por uma flecha do Arqueiro Verde, e puxado de forma que caísse do
prédio através da janela. A partir desse ponto, se inicia a ruína de Oliver
Queen.
Sem sua principal empresa e suspeito da morte de seu velho
amigo, Oliver precisa fugir dos seguranças, e posteriormente da polícia. A reação
lógica é vestir-se como o Arqueiro e descobrir quem matou Emerson. Seus
ajudantes não podem fazer nada no momento, o que o intriga e o obriga a fugir
para seu quartel general. Ao se aproximar do prédio de uma das empresas quais
dedicou seu tempo e investimento, a “Q-Core”, ele a vê explodindo. E agora?
Temos uma série de monólogos de Oliver, intercalando uma
caminhada por uma parte aparentemente abandonada da cidade, e momentos onde
esconde da polícia, que ainda o procura para esclarecer o episódio com Emerson.
Oliver relembra como questionou a decisão sobre criar esconderijos ao longo da
cidade, afinal “merda acontece”. E aconteceu, mesmo. Na forma de um abrigo
subterrâneo, um desses esconderijos abriga equipamento reserva. Uniforme,
flechas, arcos. Com o prédio da Q-Core, seu quartel principal destruído, era
tudo o que restava. Então, agora bastaria investigar e encontrar o novo vilão?
Errado.
“Eu sou Komodo, eu sou sua morte garoto”. O vilão se revela
no esconderijo secreto de Oliver, apontando-lhe uma de suas flechas com o arco
já tensionado. Problemas? Claro. O Arqueiro Verde se encontra encurralado. A
história continua pro mais páginas, mas a resenha para por aqui.
Komodo, promessa para um ótimo vilão. |
O que temos nessa HQ que inicia a saga “A Máquina de Matar”
é um acúmulo de clichês. O personagem principal se vê obrigado a enfrentar uma
nova ameaça enquanto perde seus recursos. Mas, qual o lado bom? Tudo, eu diria.
Existem clichês bem construídos, e foi isso que Lemire nos entregou em sua estreia.
A tensão a cada página torna essa HQ algo sensacional, e Komodo se apresenta
como um personagem calculista, inteligente, e que de alguma forma sabe tudo
sobre Oliver ao estar sempre um passo adiante. Além do roteiro, Andrea
Sorrentino assume os desenhos, e faz um trabalho excepcional. Seus traços
somados ao modo como monta os quadros tornam o estilo da narrativa bastante
atrativo, e de certa forma original. A edição não é excepcional, mas vale a
pena acompanhar.
Nota: 7,5
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