19.8.11

"Lanterna Verde" não é o dia mais claro, mas está longe de ser a noite mais densa

LANTERNA VERDE

O Lanterna Verde foi sempre um dos heróis que menos me chamou a atenção. Pra falar a verdade, dentro da DC Comics, Batman sempre foi o único herói que realmente me chamou a atenção. Levando em considerações as adaptações problemáticas da DC Comics, que atualmente só dá certo mesmo nos cinemas com Batman, e o fraquíssimo "Superman: O Retorno"(Superman Returns, 2006), estava com pouca fé neste "Lanterna Verde"(Green Lantern, 2011). O primeiro trailer me deixou um pouco mais esperançoso, mas o segundo pareceu bem estranho. Minha única esperança real neste longa foi Martin Campbell. Após ter nos presenteado com seus ótimos "A Máscara do Zorro"(The Mask Of Zorro, 1998) e "007: Cassino Royale"(Casino Royale, 2006), eu esperava que o diretor fosse fazer um bom trabalho com o Lanterna Verde. Em resumo, fui ao cinema com os dois pés atrás para conferir esta nova adaptação da DC Comics.
O filme conta a história de Hal Jordan(Ryan Reynolds), um piloto de testes que é escolhido pelo Anel de Abin Sur(Temuera Morrison) para fazer parte da Tropa dos Lanternas Verdes, defensores da galáxia. Hal é um garoto irresponsável que tem como desafio superar seus medos, pois o que um Lanterna Verde precisa sempre ser é destemido. Enquanto Hal aprende a lidar com seus poderes e responsabilidades, Parallax(Clancy Brown), uma entidade maligna regida pela Energia Amarela do medo há muito tempo aprisionada por Abin Sur, emerge novamente. O filme começa muito bem e se desenvolve de uma maneira legal, mas acaba tendo uma conclusão fraca. Os personagens primários são bem aproveitados até mas os secondários caem no esquecimento. Ryan Reynolds faz uma boa interpretação mas não tem o mesmo carisma de Robert Downey Jr., e sua química com Blake Lively(interpretando Carol Ferris, interesse amoroso do herói) acaba ocorrendo do jeito correto. Mark Strong, o Sinestro do longa, é de longe a representação que mais chama a atenção. O personagem é, dentre os Lanternas Verdes, o mais bem aproveitado, ainda que tenham lhe faltado algumas cenas nas quais o personagem poderia ser usado de forma interessante. Peter Sarsgaard, interpretando Hector Hammond, faz uma atuação legal e um vilão insanamente malvado, mas seu personagem é basicamente inútil para o desenvolvimento da trama e é extremamente mal aproveitado. Não há nem o que comentar dos efeitos especiais do filme. O visual é simplesmente deslumbrante, e eu achei bem legal o fato da cor dos olhos de Hal Jordan mudarem quando o mesmo usa a máscara, passa a mesma impressão das lentes brancas que os heróis costumam usar nas HQ's, mas de uma outra forma, permitindo que ainda os sentimentos do personagem possam ser melhor transmitidos através dos olhos. O uniforme dos Lanternas Verdes me pareceu estranho quando o vi pela primeira vez, especialmente na pele de Reynolds, parecia digital demais(Sim, o uniforme é completamente feito em computação gráfica), mas juntamente ao visual final do filme, acabou não ficando tão estranho. O humor no filme funciona muito bem, e é engraçado que ao mesmo tempo que extremamente fictício, o filme procura ser realista dentro dessa ficção(Convenhamos, uma máscara verde cobrindo parte das suas bochechas não esconde o rosto de ninguém). A fotografia é boa(Será que preciso dizer que o verde é a cor em destaque?) e a cinematografia também chama a atenção, com um excelente jogo de luz e sombras em cima de tantos efeitos especiais. A trilha sonora é boa e empolga em certos momentos, mas é fato que ela não chega nem aos pés das trilhas de Superman e Batman, ainda mais quando se fala em música tema(O único personagem a ter um tema, ainda que não chamativo, é Hal Jordan. Os vilões Parallax e Hector Hammond são completamente esquecidos nesse detalhe que é muito importante em filmes de super-heróis). As cenas de ação surperaram minhas expectativas, elas empolgam e surpreendem o espectador principalmente com o modo como os Lanternas Verdes usam sua imaginação para criar suas armas de combate através do poder do Anel. O diretor Martin Campbell rege o filme de maneira ótima até que chega no final, apressado e fraco. Parallax surge do nada e Hector é derrotado como se fosse papel, sem qualquer antecipação dramática para a cena do confronto entre o herói e o vilão. A luta contra Parallax começa bem e empolgante, mas a partir do momento em que há a famosa "volta por cima" do herói, o resto simplesmente acontece de modo apressado demais. Uma coisa que quase esqueço de comentar é que o Anel Amarelo faz uma aparição no longa, mas está lá apenas para enfeite, ele é inútil para a trama e não há qualquer indício de que venha a ser uma conexão para uma possível sequência, na qual a Warner Bros. já está pensando.
Conclusão Final: Temos aqui um filme mediano, mas que se regido de forma correta, pode vir a se tornar uma grande franquia. Provavelmente o maior defeito do longa, além do mal aproveitamento de seus personagens, é sua duração. Martin Campbell faz uma boa direção, mas o roteiro se dedica tanto ao início e desenvolvimento do longa que praticamente se esquece de sua conclusão, assistindo ao filme você inclusive tem a sensação de que ele será longo. "Lanterna Verde"(Green Lantern, 2011) ainda não é o dia mais claro, mas está longe de ser a noite mais densa.

Nota: 6.5

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